domingo, 9 de fevereiro de 2014

Vinho, por favor!



Depois de um cansativo dia de aula, os alunos do Campus São Gonçalo do Amarante foram almoçar na cantina da escola. Logo se fez um grande tumulto.
Aroldo, que era o mais desinibido da turma, se levantou e perguntou à Donizete, moça da cantina.
- Quanto tá o salgado aí?
 Ela logo respondeu, bem arrogante, pois estava atenta aos olhares tarados do garoto.
-Menino, você não sabe ler não? Está bem escrito ali: “3,50”!
- Poxa! Isso aqui é um assalto mesmo, hein! – retrucou irônico.
- O que é isso! Me respeite, moleque!
Quem  passava próximo à cantina ficava assustado, pois não sabia o que estava acontecendo ali.
- Senhora, me desculpe pelo tom de voz.
- Que é isso, garoto, eu que te peço desculpas... mas você vai querer o quê?
- Humm... quanto custa aquele vinho que o Emanoel está bebendo?
- Que Emanoel, menino? Deixe de história! E aqui não vende vinho coisa nenhuma!
- Aquele rapaz ali. Olha só!.
Logo apareceu o aluno com o litro na mão, velho conhecido dos colegas e professores por viver bebendo tanto no Campus como em seu entorno, desafiando as normas da escola e, ainda por cima, com um vinho meia-boca.
- Emanoel, você não pode beber aqui não!
- Eu bebo onde eu quiser e, além disso, foi você que me vendeu este vinho!
- Ah, mas aqui você não vai beber não! Chamem logo o vigia!
Logo apareceu Herculano, mestre das artes marciais, com o semblante autoritário e uma arminha de choque na mão que, com certeza, faria o moço metido a valentão se aquietar.
- Que bagunça é essa aqui?
- Vigia, ela me vendeu este vinho e não quer confessar.
- Eu nunca venderia vinho aqui na escola e principalmente pra você!
- Você vendeu vinho para o Emanoel?
- É claro que não, seu Herculano.
- É, ela me vendeu sim e ainda fez uma pechincha!
O tumulto logo chamou a atenção dos professores e do diretor acadêmico, que vinha quase  correndo com as suas “grandes” pernas.
- Mas o que é isso aqui?
- Esse jovem está acusando Donizete de ter vendido vinho aqui no Instituto.
- Chibério, isso não é verdade! Eu não vendi coisa nenhuma!
- Olha, rapaz, isso não faz parte da filosofia desta instituição. Então tomaremos uma rígida medida quanto a isso!
- Concordo! – disse um professor do babado, que estava por perto.
O vigia levou o aluno rebelde para a diretoria. Todos os curiosos se dispersaram. Tudo estava voltando ao normal. A Donizete já estava mais aliviada.
- Ah, graças a Deus eu me livrei dessa!
E ela então voltou a atenção para o Aroldo, que ainda estava esperando o seu salgado.
- Garoto, me desculpe! Eu ainda estou muito nervosa, mas o que você vai querer mesmo?                            
- A senhora não teria  por acaso mais uma garrafa de vinho aí não?

Rafael Meireles









  

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