sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Meu primeiro ENEM


Última semana do bimestre. Eu estava ansioso, pois teria a minha primeira avaliação de Português no IFRN – São Gonçalo do Amarante. Já tinha ouvido boatos nos corredores sobre como eram as provas, o que me fez ficar assustado. A tarde estava agitada. Afinal, não era só eu que estava assim, podia se ouvir, entre conversas, o que os alunos esperavam da avaliação. É quando chega Felipe, que me pergunta:
-E aí, preparado para a prova de Milson?
-Acho que sim, estudei o que pude, tentarei tirar uma boa nota.
-Você acha que a prova está muito longa? Tenho certeza que irei me dar mal – afirma ele, preocupado.
-Talvez esteja, mas espero que não, afinal, cada questão deve dar um trabalho... E eu estou com uma preguiça...
Mal terminamos a conversa e o professor chega com um bloco de papéis na mão.
-Prontos para a avaliação,  crianças? Ela está “mara” !
Todos já estavam munidos com seu material de escrita para a guerra que estava para acontecer. Um aluno já estava até rezando para Nossa Senhora, intrigado com o que estava por vir. Enquanto isso, o professor entrega a prova de carteira em carteira. Eu já estava com medo, gerado pelos rostos assustados de quem já estava com a prova.
-Jesus, Maria, José! Essa prova deve estar “matando”.
Mal tenho tempo de pensar mais um pouco e o professor me entrega o bloco de papel. Exatamente, um bloco de papéis! Contei cinco folhas, com questões nas duas faces! Agora eu tinha certeza que ia ser um desafio. Era verdadeiramente uma prova do ENEM!
Além de eu já estar desorientado pelo tamanho da prova, o professor ainda brinca:
-A prova está bem simples, em 30 minutinhos vocês terminam...
Tive vontade de chamar a atenção do professor e perguntar:
-Por que faz isso, Milson? Por quê?
Mas eu não tinha tempo. Afinal, aquele calhamaço de papel com 20 questões estava esperando para ser respondido. Eu tinha que começar logo!
Depois de decorrida 1 hora e 20 minutos  de prova, eu já estava exausto de tanto escrever, meus dedos gemiam de dor, gritavam para eu parar de escrever, pobrezinhos. Eu não podia, mas me animei, faltava pouco para terminar aquela mescla gigantesca de questões. Como todas as outras, a última questão me levou tempo, mas a respondi, Se estava certa, eu não sabia dizer.
Dirijo-me à mesa onde Milson estava sentado e entrego a avaliação:
-Aqui está, professor. – falo com uma voz cansada.
-Muito bem, estava bem simples, não achou? – brinca ele, de novo.
Eu tinha achado o oposto disso, e ele ainda faz essa piadinha...
Saio da sala, pensando que tinha me livrado do castigo. Quando chego do lado de fora da sala, o professor, lá dentro, exclama:
-Se estão achando a prova difícil, esperem só a do próximo bimestre!

Jonathan Gabriel

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