
Aquele prédio de muros altos e brancos,
lindo. Ele fica na Avenida 8 com a Mascarenhas, no velho e populoso bairro do
Alecrim, Natal. Comecei a estudar lá com seis anos, saí com 14, mas carrego
aquele prédio branco comigo.
Lembro-me do corre-corre das crianças,
da fila do lanche, das minhas notas ótimas, dos trabalhos leves, não tão difíceis,
da amizade dos professores, do tempo em que eu dormia. Dormia. Hoje eu conjugo
esse verbo de modo diferente: “não durmo”.
Mas eu tinha um sonho: entrar no IFRN.
Ah! Entrar no IF, onde todos eram bons, aplicados e responsáveis. E, depois de
algumas tentativas, eu consegui entrar. Mas a saudade era grande. Toda saudade
do mundo. Já como estudante do IF, ainda fui duas ou três vezes ao meu antigo
colégio, tentando emergir daquele mar de saudade.
Lá e cá. Lá, saudade. Cá, realidade. A realidade, hoje, é
esta: muito estudo, poucas horas de sono, muitas matérias, trabalhos
intermináveis, frequentar o CA (Centro de Aprendizagem), a biblioteca, além de
ler livros e mais livros. Lá, estudar um dia antes da prova funcionava: as
notas eram exemplares, sem muito esforço para obtê-las. Os trabalhos, quando havia,
eram fáceis.
No entanto, estudar no IFRN, Campus São Gonçalo, era não somente um
desejo meu, mas também de todos os servidores de lá. Eu era aconselhado a
estudar para as provas, era tratado como um filho, um prodígio. Aqui é
diferente: cada um por si, Deus por todos. Do lado de cá, esse ditado passa a
valer. Não havia nada melhor que ir para a escola bem cedo e ser contemplado com
uma grande sinfonia regida pelos pássaros maestros. Nessa sinfonia, os músicos
eram o vento e as árvores.
Hoje me transporto àquele tempo,
resgatando lembranças dos colegas, dos servidores e da facilidade da oitava série.
Com certeza, parte de mim, ao sair de lá, ficou. Visitarei um dia a Escola
Municipal João XXIII, pois um bom filho a casa torna.
Mário
Jorge
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