
Ele é único. Uniquíssimo, se é que
essa palavra existe. Não podemos falar dele e deixar suas características de
fora, tais como: professor de bordões autenticados, ou seja, só pode usar quem
pagar patente; mestre das artes maciais (mesmo sem ter ido uma vez sequer a uma
academia de luta).
Magnífico,
não? “Adooooooro”. Eu posso usar, paguei patente. Admirador
das belas artes. Até encenamos uma tragédia grega, Édipo Rei. Ele ameaçou o
ator que interpretava Édipo.
- Ensaia direito, peste! – exclamou
o professor.
- E eu estou fazendo o quê? – falou
o ator, com a cara mais cínica.
- Vou ter um infarto.
-Tenha!
Foi aí que o professor Milson Santos decidiu
colocar a filosofia de mestre das artes maciais em prática.
-Vamos, faça logo, seu porra!
- Faço se eu quiser.
- Ai, Jesus, Maria, José! Ou eu dou
uma voadora, ou eu te dou uma chinelada no rabo.
E foi assim que conseguimos
apresentar a peça. No tranco. Na linha “dura”.
Sempre foi assim, desde os primeiros
dias de aula. Começou com :
-
Mas é claaaaro!
Depois passou para:
- Jeeeesus!
E não parou por aí.
- Macaíba?;
se apronte que eu vou lhe usar; refaz, refaz tudo; deixa de ser pobre; nota
abaixo de zero.
Esses são os mais falados e
reproduzidos nos corredores pelos seus alunos/fãs...
Se você for conversar com ele,
certamente ouvirá alguns bordões.
- Olá, professor, como tá?
- Bem, meu jovem.
- Professor, como tá minha nota?
- Um horror! ... Uma pobreza franciscana!
- Como faço para recuperar?
- Vá para o CA, me use, me chame, me procure, me invoque, vá atrás de mim. Tudo isso com o alavancar das mãos.
-Que é isso, fessor, sou nota dez!
-
Dez zeros, amiguinho, seu
interesse é abaixo de zero.
- Faça uma prova, pra ver se eu não
fecho.
-Posso
fazer mil provas e você não fecha.
Não
é de costume, mas o professor fez a prova. O garoto, muito nervoso, estava
ouvindo “mil sons”. Ele até invocou os “Santos”. Todos eles. Era a temida prova
do Enem, que tinha 45623 questões subjetivas com 45 linhas para a
resposta. Enem? Sim. Este era o apelido dado à prova do
professor.
Depois de três dias, o garoto,
esperançoso, chegou e disse.
- Professor, como vai?
- Vou bem.
- E minha prova?
O professor deu uma risada que mais
parecia com uma crise de tosse.
- Heim, professor? Minha nota?
- A nota? A nota você já sabe.
Mário Jorge
Nenhum comentário:
Postar um comentário