quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Você não me ensinou a te esquecer



           É tarde da noite. Já se passaram três semanas. Deitada em meu quarto, a solidão se faz presente, e eu não consigo pensar em nada além de tudo o que aconteceu na festa da empresa que eu gerencio. Traí meu grande amor com um secretário. Atraída pelo desejo carnal, deixei-me seduzir pelo momento, foi tudo muito rápido. Se eu pudesse voltar no tempo não cometeria o erro que destruiu o coração do homem da minha vida.
As traições já vinham acontecendo há algum tempo. Muitas vezes, saímos às escondidas e eu nunca percebi que havia alguém nos vigiando. Ele sempre me levava para um lugar onde ninguém podia nos ver. Um dia ele resolveu me levar à praia. Já passava das 20 horas, quando de repente  olhei para o lado e vi o amigo de Fernando, fiquei muito nervosa e pensei: “Será que ele me viu?”, “Mas se ele não veio falar comigo... é porque ele não me viu”.
Porém, ele tinha me visto sim. Contara para Fernando, que já estava desconfiado de mim, desde o dia em que tirara meu casaco e, do bolso, caíra uma conta de uma mesa para duas pessoas, de um restaurante chique da cidade. Agora ele estava mais desconfiado, chegando a me perguntar com quem eu tinha saído. Respondi que tinha sido com um colega de trabalho, ele só não sabia que era meu amante.
Ao chegar em casa, Fernando não me falou nada e isso me levou a pensar que: “Se ele não disse nada é porque o amigo dele não contou que tinha me visto na praia com outro. Eu estava muito enganada. Agora Fernando estava armando um plano para descobrir quem era meu amante, com o qual eu ia para os melhores bares e motéis da cidade. As pessoas sempre nos encontravam pelas ruas, mesmo os vidros do carro sendo escuros, todo mundo já estava percebendo, até os nossos amigos de trabalho. O deslize foi na festa de Natal da nossa empresa.   
Após ele tentar tantas vezes sair comigo, naquela noite, eu já estava com medo de que alguém descobrisse de vez o nosso caso, mas como sempre ele conseguiu o que queria. Levou-me para minha sala, e pediu para que alguns de seus amigos falassem que ele e eu estávamos apenas tendo uma conversa, devido  ele ter perdido um documento muito importante, caso alguém chegasse a nossa procura.
Ele era lindo e muito atraente. Seu olhar me deixava com um certo... frio na barriga, seus lábios rosados me chamavam atenção, não pude me conter, beijei-o. Sentir o sabor de seus lábios não tinha preço. Por muitas vezes disse para mim mesma que não queria ele, mas meu corpo todo dizia que sim. E eu tremia. Suas mãos aveludadas me tocavam de forma tão doce e recheada de intenções, que chegava a sentir um fogo em meu corpo.
Ele acariciava os meus seios, descendo até minhas nádegas, me beijava com intensidade, me fazendo delirar, deitava um pouco a cabeça em seu ombro e sentia-o dar leves mordidas. Após momentos alucinantes de prazer com Ernesto, abri meus olhos e percebi que Fernando, o meu amor, havia presenciado todo o ato. Eu havia esquecido a cópia da chave do meu escritório em cima do criado-mudo, e ele pegou para ir até lá deixar um buquê de flores em cima da minha mesa, já que iriamos completar quatro anos de casados no dia seguinte. Seu rosto triste e confuso me deixou sem reação.
Ele saiu correndo da sala com uma terrível fúria nos olhos. Me vesti e fui atrás dele. Não sabia o que fazer, pois, como se sabe, não tem como negar nem explicar um flagrante. Ao alcançá-lo, pude ouvir seus dentes rangendo de tanta raiva. Ele virou para mim e perguntou:
- Como você pode fazer isso comigo, Rita?
- Perdoe-me, amor, não quis fazer isso.
- Não?
- Não. Eu não quis, foi tudo culpa dele, além disso...
- Além de nada! Você estava toda derretida nos braços dele, parecia que estava desesperada ou que eu não significava nada para você.
- Não! Você não está entendendo nada!
- Não mesmo, só sei que fui corno!
            - Desculpe-me, eu juro que não queria ter feito isso, mas aconteceu e você viu, não tem como negar. Preciso do seu perdão.
Ele saiu no carro e não olhou nem para trás. Sei que estava muito magoado para me perdoar. Ele me amava muito e estava sofrendo. Não me atende as ligações, não quer nem ouvir meu nome.
Eu reconheço a minha falha, creio que o silêncio é a pior opção para uma pessoa que cometeu um erro fatal. Ainda o amo muito. Não sei viver sem ele. Estou arrependida. Ele bem que podia me perdoar. E só mais uma vez me aceitar. 

Amanda Maria
Allain Souza

Conto produzido a partir da letra da canção brega Você não me ensinou a te esquecer, de Fernando Mendes .




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