É tarde da noite. Já se
passaram três semanas. Deitada em meu quarto, a solidão se faz presente, e eu
não consigo pensar em nada além de tudo o que aconteceu na festa da empresa que
eu gerencio. Traí meu grande amor com um secretário. Atraída pelo desejo
carnal, deixei-me seduzir pelo momento, foi tudo muito rápido. Se eu pudesse
voltar no tempo não cometeria o erro que destruiu o coração do homem da minha
vida.
As traições já vinham
acontecendo há algum tempo. Muitas vezes, saímos às escondidas e eu nunca
percebi que havia alguém nos vigiando. Ele sempre me levava para um lugar onde
ninguém podia nos ver. Um dia ele resolveu me levar à praia. Já passava das 20
horas, quando de repente olhei para o
lado e vi o amigo de Fernando, fiquei muito nervosa e pensei: “Será que ele me
viu?”, “Mas se ele não veio falar comigo... é porque ele não me viu”.
Porém, ele tinha me visto
sim. Contara para Fernando, que já estava desconfiado de mim, desde o dia em
que tirara meu casaco e, do bolso, caíra uma conta de uma mesa para duas
pessoas, de um restaurante chique da cidade. Agora ele estava mais desconfiado,
chegando a me perguntar com quem eu tinha saído. Respondi que tinha sido com um
colega de trabalho, ele só não sabia que era meu amante.
Ao chegar em casa, Fernando
não me falou nada e isso me levou a pensar que: “Se ele não disse nada é porque
o amigo dele não contou que tinha me visto na praia com outro. Eu estava muito
enganada. Agora Fernando estava armando um plano para descobrir quem era meu
amante, com o qual eu ia para os melhores bares e motéis da cidade. As pessoas
sempre nos encontravam pelas ruas, mesmo os vidros do carro sendo escuros, todo
mundo já estava percebendo, até os nossos amigos de trabalho. O deslize foi na
festa de Natal da nossa empresa.
Após ele tentar tantas vezes
sair comigo, naquela noite, eu já estava com medo de que alguém descobrisse de
vez o nosso caso, mas como sempre ele conseguiu o que queria. Levou-me para
minha sala, e pediu para que alguns de seus amigos falassem que ele e eu
estávamos apenas tendo uma conversa, devido ele ter perdido um documento muito importante,
caso alguém chegasse a nossa procura.
Ele era lindo e muito
atraente. Seu olhar me deixava com um certo... frio na barriga, seus lábios rosados
me chamavam atenção, não pude me conter, beijei-o. Sentir o sabor de seus
lábios não tinha preço. Por muitas vezes disse para mim mesma que não queria
ele, mas meu corpo todo dizia que sim. E eu tremia. Suas mãos aveludadas me
tocavam de forma tão doce e recheada de intenções, que chegava a sentir um fogo
em meu corpo.
Ele acariciava os meus
seios, descendo até minhas nádegas, me beijava com intensidade, me fazendo
delirar, deitava um pouco a cabeça em seu ombro e sentia-o dar leves mordidas.
Após momentos alucinantes de prazer com Ernesto, abri meus olhos e percebi que
Fernando, o meu amor, havia presenciado todo o ato. Eu havia esquecido a cópia
da chave do meu escritório em cima do criado-mudo, e ele pegou para ir até lá
deixar um buquê de flores em cima da minha mesa, já que iriamos completar
quatro anos de casados no dia seguinte. Seu rosto triste e confuso me deixou
sem reação.
Ele saiu correndo da sala
com uma terrível fúria nos olhos. Me vesti e fui atrás dele. Não sabia o que
fazer, pois, como se sabe, não tem como negar nem explicar um flagrante. Ao
alcançá-lo, pude ouvir seus dentes rangendo de tanta raiva. Ele virou para mim
e perguntou:
- Como você pode fazer isso
comigo, Rita?
- Perdoe-me, amor, não quis
fazer isso.
- Não?
- Não. Eu não quis, foi tudo
culpa dele, além disso...
- Além de nada! Você estava
toda derretida nos braços dele, parecia que estava desesperada ou que eu não
significava nada para você.
- Não! Você não está
entendendo nada!
- Não mesmo, só sei que fui
corno!
- Desculpe-me, eu juro que não queria ter feito isso, mas aconteceu e
você viu, não tem como negar. Preciso do seu perdão.
Ele saiu no carro e não
olhou nem para trás. Sei que estava muito magoado para me perdoar. Ele me amava
muito e estava sofrendo. Não me atende as ligações, não quer nem ouvir meu
nome.
Eu reconheço a minha falha,
creio que o silêncio é a pior opção para uma pessoa que cometeu um erro fatal.
Ainda o amo muito. Não sei viver sem ele. Estou arrependida. Ele bem que podia
me perdoar. E só mais uma vez me aceitar.
Amanda Maria
Allain Souza
Conto produzido a partir da letra da canção brega Você não me ensinou a te esquecer, de Fernando Mendes .
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