
Já em casa, o quarto dos dois se enchia de
amor.Todo dia era assim. Nos abraços quentes de Márcia, Ricardo se acendia. E,
sem qualquer censura ou preconceito, o amor deles acontecia. Nas curvas do
corpo de Márcia, ele era feliz. Não se imaginava mais sem aquela mulher ao seu
lado.Ultimamente, sonhava até em ter um filho com ela, já estava na hora
daquele amor render um fruto.
No dia seguinte, mal trabalhou direito,
sonhando acordado com o filho que queria ter com Márcia. O expediente acabou
mais cedo. Marcelo foi correndo para casa, não via a hora de contar seu desejo a
Márcia, mas aquele dia não era igual aos outros. Márcia não o esperava no portão.
“O que teria acontecido?” Marcelo, como de costume, apressou o passo, mas dessa
vez de preocupação. Ao chegar em casa, procurou-a por todos os cômodos.
Chegando ao quarto, a porta estava aberta. Foi então que ele se deparou com uma
cena deprimente. Seus olhos não queriam acreditar no que viam. Ali, no seu
ninho de amor, estava Márcia, se entregando a outro homem. Num ímpeto, Marcelo
foi até o armário, pegou sua velha pistola, herdada de seu avô antes de morrer,
e voltou ao quarto.
- Márcia, sua desgraçada! Você me traiu! – gritava
ele. E chorava ao mesmo tempo.
- Não! Não é isso que você...
Antes que Márcia pudesse acabar de falar,
Marcelo descarregou todas as balas no casal.O amante ainda tentou fugir, porém
não conseguiu. Os dois morreram ali mesmo. Marcelo, ainda arrasado, sentado no
chão do quarto, vendo aqueles dois corpos abraçados, sem vida, gritou:
-Por que você fez isso comigo, Márcia !?!!
Os vizinhos, assustados com toda aquela
confusão, rapidamente ligaram para a polícia, que não tardou a chegar. Na cena
do crime, Marcelo ainda se encontrava lá. Chorava num canto do quarto. De certa
forma estava morto também.
Marcelo foi preso. Em seu julgamento não houve
dúvidas. Todos os jurados o consideraram culpado.
Bruno Almeida
Conto produzido a partir da letra da canção brega O julgamento, de Amado Batista.
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