- Alô? Cláudia! - Silêncio...
- Cláudia? Alô! Alô!
- Oi, Vitor! Desculpa...
- Está tudo bem com você, Cláudia? Queria saber se o nosso encontro vai
dar certo hoje.
- Acho que não vai dar. Estou mal e...
– Tossiu - Estou com um pouco de febre.
- Mas, Cláudia! Já faz mais de um mês que quero te ver novamente. Estou
ficando irritado com isso. Poxa! Parece que não gosta de mim.
- Tchau, Vitor! Desligou.
Mulheres... Mulheres!
Não sei como elas conseguem fazer essas coisas. Conheci a Cláudia há
dois meses e ela era um amor de pessoa.
Estava eu num bar com um amigo. Tomamos duas ou três cervejas, quando
pude perceber aquela linda mulher no canto mais escondido do barzinho, sozinha
e sem nenhuma bebida no copo. Tinha belos cabelos longos, olhos azulados e
usava um vestidinho preto básico e não muito extravagante.
Não tinha como não se apaixonar.
Era uma deusa!
Ofereci uma bebida. Ela recusou. Adoro mulheres difíceis. Mandei aquele papo
clichê que todas as mulheres já escutaram um dia e já sabia que não ia
funcionar.
- Oi! Aceita uma bebida?
Com meio sorriso e disse:
- Não!
Obrigada.
Digo-lhes: Mulher quando recusa alguma coisa, por favor, não
insista, ela não vai querer!
- Você vem sempre aqui?
- Já estive
aqui, sim. Mas não venho sempre. Só quando...
- Ah,
Sim! Só quando quer afogar as mágoas, esquecer os problemas... Sei bem
como é.
-
Não! Não é bem isso. Sabe, meu namorado anda me perturbando muito, ele tem
muito ciúmes de mim...
E depois ela aceitou uma cerveja, duas. Ficamos mais uns 40 minutos
conversando e acompanhei-a até perto da sua casa. Consegui o seu número na hora
de me despedir. Um ponto positivo disso tudo. Ela gostou de mim, aposto que gostou. Se ela
não ligar amanhã, eu ligo e pergunto quando ela vai ao bar de novo.
Foi
assim que a conheci, e agora ela me trata desse jeito. Há mais de dois meses
que ligo, ela me atende e diz que está doente. Tomara que já tenha acabado
aquele namoro com o cara ciumento. Não suporto essas coisas.
Acho que hoje depois do
trabalho vou ligar para Cláudia, eu acho que estou mesmo apaixonado por ela. Fico
pensando naqueles cabelos pretos todo tempo. E já faz muito tempo que não
encontro uma garota legal, uma garota que eu goste e que ela goste de mim
também. Cláudia deve gostar de mim, eu tenho quase certeza que ela gosta de mim.
Eu vejo o jeito dela quando fala comigo, apesar de estar sempre doente, mas eu
vejo que ela gosta. Poxa, estou atrasado!
O telefone toca:
- Alô? Quem é?
- Oi Vitor, é a Cláudia!
Como anda você?
- Quem? Cláudia! Eu
estou dirigindo. Ligo pra você depois!
Ficou meio entristecida, mas disse:
- Está bom, Vitor! Tá ok.
Desligou.
Nossa, a Cláudia ligou pra mim. Sabia que ela gostava de
mim. Vou ter que ligar logo pra ela, antes que ela fique doente de novo... Agora
minha vida ficou perfeita! Vou ligar pra
o Roberto pra contar a novidade.
Logo após contar a novidade ao
meu amigo, liguei para a Cláudia para saber o que houve e o que ela queria.
- Oi, Cláudia?
- Oi, Vitor! Como
está? Queria saber se você está a fim de me ver hoje.
- Estou bem, Cláudia, melhor agora. E sim, quero muito te
ver hoje!
- Nossa, Vitor, que bom que você aceita. Estou muito
solitária esses dias, acabei meu namoro há umas duas semanas.
- Então, a que horas eu posso te pegar em casa?
- Não, Vitor! A gente se encontra naquele mesmo bar. Pode
ser?
- Pode sim, Cláudia! Então às 20h?
- Pronto, às 20h! Tchau!
Não disse que eu conseguia
sair com ela de novo? Hoje vai ser uma noite pra nunca mais esquecer, vou fazer
da Cláudia a mulher mais feliz do mundo, só tenho olhos pra ela. Parece até que
essa coisa de amor deixa a gente cego mesmo. Roberto até me falou hoje que a
Viviane estava querendo meu numero, mas acho que é mentira. A Vivi nunca iria
ligar pra mim. Meu negócio agora é a Cláudia, ela é meu verdadeiro amor. Vou pra casa logo, me
arrumar e encontrar a mulher mais linda desse mundo.
Poxa! Com que camisa eu
vou? Verde não. Laranja? Não... Vermelha? Cor do amor. Vou de vermelho! 19h30. Não quero chegar atrasado. Quero ter
todo tempo do mundo com minha princesa.
20h. Cadê a Cláudia, cadê
ela?!
- Garçom? Uma cerveja, por
favor! Obrigado, Capitão!
Poxa! Cadê a Cláudia...
20h30 e ela ainda não chegou. Não é possível que ela tenha furado comigo. Não
acredito que teria coragem. Ela quem me chamou pra sair. Quem marcou tudo. Não,
ela não seria capaz. Poxa, e hoje está tão lotado esse bar. Parece mesmo que
algumas estão me olhando. Estou tão com cara de otário assim? Vou ligar pra
Cláudia, não é possível isso.
- Cláudia? Onde você está?
- Estou chegando, Vitor!
Espera mais um pouco.
- Tá bom, Cláudia! Vou pedir uma cerveja pra você. Tchau.
Ela está vindo! Pelo menos isso eu posso ter certeza.
- Garçom? Mais uma, por
favor!
21h. Ela estava saindo de
casa? Pelo amor de Deus, que demora...
- Garçom, mais uma!
- Mais uma!
- Mais...
Depois de tantas cervejas,
um homem apaixonado é capaz de tudo. E eu só era capaz de beber e beber. Queria
esquecer a Cláudia. Esquecer tudo que ela tinha feito comigo aquela noite.
- Vem cá, garçom! Sabe, eu tinha um encontro hoje. E ela disse
que estava vindo. Tá vendo esse copo aqui? Esse copo era pra ela. Mas essa
cadeira velha está vazia. Eu estou sozinho e vou ficar aqui até meu amor
chegar. Está escutando?! Eu só saio daqui quando ela chegar.
3h da manhã. Cláudia ainda
não tinha chegado. E, como prometido, Vitor não saiu do bar... Estava bêbado e agora quebrara a mesa do bar!
Mulheres, Mulheres...
Paulo
Vitor
Conto produzido a partir da letra da canção brega Se meu amor não chegar, de Reginaldo Rossi .
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