Minha mãe sempre me cobrou
que fosse um bom filho. Nunca fui dos melhores, confesso, mas ela nunca
desistiu.
Ela nunca me levou para
Disney, Rio de Janeiro ou exterior. Dinheiro me deu pouco, mas me deu muito
amor.
Lembro como se fosse hoje o
dia tão temido de sua cirurgia de rins. Como toda manhã, tive que ir para a
escola, mas aquele dia era diferente, queria estar ao seu lado.
- Você tem que ir para se
tornar um rapaz bem inteligente – afirmou ela, enquanto penteava meu cabelo.
Naquele momento, o seu olhar
me disse que eu podia ser o que eu quisesse. Não demorou muito para que a
primeira lágrima solasse em seu rosto. Foi então que ela me abraçou por um bom
tempo interminável. Cada segundo parecia horas.
Hoje em dia, ela brinda os
40, pois a vida está apenas começando.
Mãe é o nosso porto seguro,
mas às vezes a vida nos obriga a amadurecer cedo. Foi assim quando passamos a
não mais dividir o mesmo teto. Não ter mais roupa lavada, casa arrumada, comida
na boca é chato. Chatíssimo! Mas sabe o que é pior? Pior é não ter colo de mãe,
aquelas velhas reclamações pelo horário de chegada da rua, do tão aconchegante
carinho materno.
Você só descobre realmente
quem é uma pessoa quando seu relacionamento é cirurgiado. Porque ninguém mente
na dor. O sofrimento traz consigo honestidade que não se caracteriza por nenhum
outro sentimento.
Se seu relacionamento ainda
não foi cirurgiado, espere, pois “somos o que ficamos depois de sofrer”, já diz
Carpinejar.
Mãe, deixe eu dormir mais
dez minutos.
Bruno Almeida
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