“Quando
já eram quase cinco horas da tarde, senhor juiz, eu não aguentava mais de
saudades da minha Sheila e resolvi voltar para casa mais cedo que o esperado. Não
via a hora de chegar em casa e encontrar minha pequenina. Ela sempre estava me
esperando chegar, lá fora no portão, com aquele olhar singelo que me dizia
tanto. Quando entrávamos em casa, nós nos abraçávamos de forma tão quente, tão cheia
de vida, me esquecia de todos os problemas. Nosso amor era puro e verdadeiro.
Mesmo
tendo-a visto pela manhã, eu já não suportava mais estar longe dela. Então
resolvi voltar para casa mais cedo, para encontrar minha linda. Saí do
trabalho, fui para casa morrendo de saudades , não via a hora de abraçá-la e
nos amarmos intensamente. Ah, aquela mulher linda, doce e meiga, que conseguia
me levar para as nuvens!. Não podia mais esperar para encontrar minha
Sheilinha. Eu precisava vê-la, abraçá-la e beijá-la. Entrei no carro e fui em
direção a minha casa. Cinco minutos depois, lá estava eu chegando ao meu lar.
Virei à esquina e notei algo estranho. A casa estava toda fechada.
Parei
em frente de casa, peguei minha chave reserva e saí de dentro do carro.
Aproximei-me da porta, estava tudo calmo. Sem dúvidas, aquilo estava muito
estranho. Por que ela não estava me esperando lá fora, como sempre fazia? Por
que a casa estava toda trancada? Eu não estava entendendo nada. Aquilo nunca
tinha acontecido antes. Sheila nunca saíra de casa sem me avisar. Mas por que
ela não estava ali? A primeira coisa que me veio à cabeça foi que aquilo era um
assalto e, se era um assalto, Sheila deveria estar precisando de mim. Peguei
uma arma que sempre levo no porta-luvas do carro, e saí dele ligeiramente.
Entrei com cautela em casa, para não assustar os possíveis ladrões. Não me
deparei com nada de anormal. Fui até a cozinha, fui à área de serviço e não vi
nenhum sinal de Sheila. Retornei à sala de estar, olhei para o quarto, a porta
estava encostada. Achando que minha amada estava a dormir, entrei
cuidadosamente em nossa suíte e vi uma cena que jamais apagarei de minhas
lembranças.
Eu
não acreditei no que meus olhos estavam testemunhando. Em nossa cama, aquela
que eu mais amava se entregava totalmente a outro homem. Louco pelo triste
golpe que sofri, saquei a arma e não percebi que atirava loucamente contra os
dois. Observando os corpos estendidos no chão do quarto, abraçados e sem vida,
vi crescer uma ferida no meu peito. De certa forma eu também já não mais vivia,
pois parte de mim estava morta e ensanguentada, jogada no chão feito um animal.
Então,
senhor juiz, eu peço a sua atenção para minha explicação. Minha única defesa.
Naquela hora, eu estava inconsciente, mas agora a dor me atormenta e me machuca
de amor. Como agiriam cada um de vocês que estão presentes nesse tribunal, se
vissem aquela cena e estivessem no meu lugar? Por isso eu peço que ouçam a voz
do coração. Não há pessoa que sofra uma traição e não cometa loucuras por amor."
Guilherme Lima
Conto produzido a partir da letra da canção brega O julgamento, de Amado Batista.
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