
Aroldo,
que era o mais desinibido da turma, se levantou e perguntou a Donizete, moça da
cantina.
-
Quanto tá o salgado aí?
Ela logo respondeu, bem arrogante, pois estava
atenta aos olhares tarados do garoto.
-
Menino, você não sabe ler não? Está bem escrito ali: “3,50”!
-
Poxa! Isso aqui é um assalto mesmo, hein! – retrucou o garoto em tom
autoritário.
-
O que é isso! Me respeite, moleque!
Com
isso, quem passava próximo à cantina ficava assustado, pois não sabia o que
estava acontecendo ali.
-
Senhora, me desculpe pelo tom de voz.
-
Que é isso, garoto, eu que te peço desculpas... mas você vai querer o quê?
-
Humm... quanto custa aquele vinho que o Emanoel está bebendo?
-
Que Emanoel, menino? Deixe de história! E aqui não vende vinho coisa nenhuma!
-
Aquele rapaz ali, senhora.
Logo
apareceu o aluno com o litro na mão, velho conhecido dos colegas e professores
por viver bebendo tanto no Campus como
em seu entorno, desafiando as normas da escola e, ainda por cima, com um vinho
meia-boca.
-
Emanoel, você não pode beber aqui não!
-
Eu bebo onde eu quiser e, além disso, foi você que me vendeu este vinho!
-
Ah, mas aqui você não vai beber não! Chamem logo o vigia!
Logo
apareceu Herculano, mestre das artes marciais, com o semblante autoritário e
uma arminha de choque na mão, que com certeza faria o moço metido a valentão se
aquietar.
-
Que bagunça é essa aqui?
-
Vigia, ela me vendeu este vinho e não quer confessar...
-
Eu nunca venderia vinho aqui na escola e principalmente pra você!
-
Você vendeu vinho para o Emanoel?
-
É claro que não, seu Herculano.
-
É, ela me vendeu sim e ainda fez uma pechincha!
O
tumulto logo chamou a atenção dos professores e do diretor acadêmico, que vinha
quase correndo com as suas “grandes” pernas.
-
Mas o que é isso aqui?
-
Esse jovem está acusando Donizete de ter vendido vinho aqui no Instituto.
-
Chibério, isso não é verdade! Eu não vendi coisa nenhuma!
-
Olha, rapaz, isso não faz parte da filosofia desta instituição. Então,
tomaremos uma rígida medida quanto a isso!
-
Concordo! – disse um professor do babado, que estava por perto.
O
vigia levou o aluno rebelde para diretoria. Todos os curiosos se dispersaram.
Tudo estava voltando ao normal. A Donizete já estava mais aliviada.
-
Ah, graças a Deus eu me livrei dessa!
E
ela logo voltou a atenção para o Aroldo, que ainda estava esperando o seu
salgado.
-
Garoto, me desculpe! Eu ainda estou muito nervosa, mas o que você vai querer
mesmo?
-
A senhora não teria por acaso mais uma garrafa de vinho aí não?
Rafael Meireles
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