sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PRA VOCÊ

O amor na adolescência se caracteriza por ser efêmero, temporário, contingente. Quando ocorre entre colegas de escola... Aí sim, tudo desmorona, aquela coisa de amizade se acaba, se extingue junto com o  amor rejeitado.
Aprendi, em meu cotidiano, que passar por problemas amorosos não é nada fácil, especialmente quando entrei no IFRN - São Gonçalo do Amarante. Lá foi onde tudo mudou em minha vida, onde a minha vida amorosa começou a mudar drasticamente. Principalmente porque o meu companheiro de decepção era um colega de turma. Aquele amigo conselheiro, confidente, protetor... Lembro-me bem quando ficávamos conversando até tarde. Quando Júnior vinha me deixar em casa. No ônibus, a caminho de casa, adormecia apoiada nele. Sentia que tudo parava. Sentia-me como se não houvesse trabalhos de Português, listas de Física, projetos de pesquisa para fazer, relatórios de Geografia para entregar e todo o espetáculo do Pequeno Príncipe para organizar. Esquecia de tudo. Das notas baixas em Programação, Eletrônica e Matemática. Dos carões do professor Milson. Das broncas de Gilbran, professor de Programação. Tudo que envolvia o Campus era apagado da minha mente.
Lembro das nossas eternas conversas pelo Facebook. De como ele me chamava de "superocupada" ou me censurava por ser tão dura comigo mesma. Ou por chorar por causa de  uma nota baixa em Física. Na sala, ele sentava em uma carteira atrás da minha... Mexia em meu cabelo. Me passava papéis com coisas idiotas...

"Como pode a Carminha ter colocado toda a culpa na Nina?"
"O que o professor está falando?"          
"O que o tomate ia fazer no banco? =D"
"Que sono! Tô com fome! :/"
Agora ele senta lá na frente, bem longe de mim. Quase nunca nos falamos, só quando é extremamente necessário. Me pego tentando voltar ao passado, aos tempos em que não existia problema algum. Reflito como seria se essa chuva não tivesse se transformado em uma terrível tempestade. 
Agora, só o que nos restou foi a dor, misturada com um ódio que guardamos em nossos corações, ódio que usamos como uma barreira contra nós mesmos. Por que logo eu? Por que não poderia ser qualquer outra garota do Campus? Tantos outros cursos como Edificações e Logística... Como diabos foi acontecer logo comigo? O destino é um inimigo cruel e frio, que não se preocupa com as suas infelizes vítimas.


Estefânia Lins

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