
Eu havia sido demitido do trabalho,
não recebia nenhuma resposta positiva das entrevistas de emprego e estava
prestes a ser despejado. Minha vida estava um caos. Eu não sabia o que fazer.
Foi então que ela apareceu um dia, no bar ao qual eu sempre ia. Estava linda.
Usava aquele vestido vermelho que lhe acentuava as curvas, os cabelos castanhos
soltos caindo pelas costas. Linda. Foi impossível não olhá-la.
Ela
veio e sentou-se numa mesa um pouco afastada. Esperei por um tempo, achando que
ela estava à espera de alguém, provavelmente o namorado, mas ninguém apareceu.
Levantei-me e segui em sua direção, levando também um drink.
Ela me encarava enquanto eu me sentava.
Fiquei um tempo apenas admirando o quanto ela era linda
- Perdeu alguma coisa? – disse ela,
com um sorriso brincando nos lábios.
- Estava me perguntando a mesma
coisa. Por que uma garota tão linda estaria num lugar assim? E sozinha?
- Eu que pergunto. O que um cara
tão... interessante faz por aqui? E ainda mais sozinho? – seu sorriso era
encantador.
Meu sorriso em resposta foi ainda
maior.
Aquela noite foi inesquecível. Nós
tomamos mais alguns drinks e ela me contou por que estava no bar. Disse que esperava
seu – agora – ex-namorado. Ela o havia traído com o melhor amigo dele e ainda
tinham sido pegos no flagra. Ela pediu uma chance para se explicar e pediu que
se encontrassem naquele bar. Ainda disse que se ele não viesse ela entenderia.
Parece que ela já tinha sua resposta. Parecia estar muito arrependida, mas não
dava pra voltar atrás.
Já tinha até esquecido dos meus
problemas até ela perguntar o porquê de eu estar ali. Contei toda a minha
situação e ela escutou paciente. Depois ela disse que tudo ficaria bem, e eu
realmente acreditei.
Em algum momento ela olhou o relógio
e disse que precisava ir embora, acordaria cedo para o trabalho. Nos despedimos
e ela me deu o número do celular.
Eu havia ficado encantado. Dormira
extremamente bem pensando nela. No outro dia, fui a mais uma entrevista de
emprego. Desta vez, mais motivado.
Nós saímos e, com o passar do tempo,
a cada encontro, parecia que nós estávamos mais ligados um ao outro. Até que eu
a pedi em namoro e ela aceitou. Foi um dos melhores dias para mim. Levei-a para
conhecer alguns amigos, inclusive o Paulo, um quase irmão pra mim. No mesmo
dia, disse que havia recebido uma ligação e tinha sido contratado em uma boa
empresa. Não podia estar mais feliz.
Tudo melhorou com o tempo. Eu tinha
um emprego melhor que o anterior, havia comprado uma casa nova, e agora tinha
uma mulher que realmente me amava. Pelo menos era isso que eu pensava.
Certo
dia, meu chefe resolveu me liberar mais cedo. Decidi então fazer uma surpresa
para minha amada. Ainda faltavam duas horas para ela chegar do trabalho.
Fui
tão burro...
Passei
em uma floricultura e comprei algumas rosas brancas. Ela amava. Pensei em abrir
uma garrafa de vinho que guardava há meses para alguma ocasião especial. Estava
realmente feliz. Até chegar em casa e abrir a porta. Assim que o fiz, congelei.
Nunca nada havia sido tão rápido quanto meu coração sendo quebrado pela cena
que se seguia.
A
mulher que eu amei como ninguém jamais vai amar; a quem eu entreguei meu
coração sem hesitar, estava agora me traindo com a pessoa que se dizia meu
melhor amigo.
Por
um momento eles não perceberam que eu estava à porta. Então Paulo virou o rosto
e olhou diretamente nos meus olhos. Sorriu.
Meu
sangue ferveu.
A
única coisa em que eu pensava era que precisava cortar o coração daquele
infeliz como ele havia cortado o meu. Fui andando até a cozinha enquanto ela
tentava se explicar. Peguei uma faca. Minha amada ficou desesperada. Jogou-se
na minha frente quando eu fui em direção a seu amante, mas, cego pela dor, eu a
empurrei e me joguei contra ele, que tentava fugir. Nós caímos, e eu, com um
movimento rápido, consegui cravar a faca em seu peito.
Houve
um grito estridente. Tudo parou. A cena toda estava em minha mente. Eu havia
matado um homem, mas não me arrependia. Não sentia nada que não fosse a dor de
ser enganado por uma leviana.
Laura
Viana
Conto produzido a partir da letra da canção brega Leviana, de Reginaldo Rossi.
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