quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um pote de jujubas

 Uma mesa quadrada refletia partes das silhuetas dos garotos em um tom esverdeado pelo ar, um agradável aroma de calabresa. Ao longe, conversas rotineiras reverberavam pelo campus. Quatro garotos rodeavam um caderno em branco. Ideias? Nenhuma.
Subitamente, um pote foi colocado sobre a mesa, ceifando a conversa. Era um pote engraçado, transparente. Tinha um lacinho vermelho ao redor de sua tampa. Em seu interior, podia-se ver muitas jujubas coloridas e açucaradas. Cada jujuba parecia querer saltar para fora do vidro que as aprisionava. Tive pena daquelas pobres jujubas. Amáveis calouras de Logística nos abordavam:
- Ei, meninos, vocês não gostariam de nos ajudar?
O jogo era o seguinte: apostaríamos na quantidade de jujubas dentro do pote:
-Quem acertar, ganhará o pote de jujubas e o lacinho vermelho.
Olho para o pote, agora, e me sinto sufocado. Sinto-me angustiado. Nem os cristais de açúcar confortam-me.
Lembro-me de um Ônibus que peguei um dia. Totalmente lotado. Nele, jujubas de todas as cores apertavam-se e até disputavam o menor espaço pareceu-me que o pote ia quebrar. Senti a mesma angustia e sensação de sufocamento que sinto agora.
É assim que uma sardinha se sente quando enlatada? Penso no caos que e a hora do rush na capital indiana, Nova Deli. Jujubas lotam as ruas de um lado para o outro. Todas de baixo do forte sol que castiga a superpopulosa cidade. Parece-me que o pote vai quebrar.
E quando, em um dia de verão, o elevador lotado demora a chegar no andar esperado, jujubas suadas apertam-se totalmente importantes dentro do pote. Realmente parece-me que o pote vai quebrar.
Em um grande espetáculo, jujubas coloridas, felizes e saltitantes se esbarram em puro êxtase espalhando cristais de açúcar pelo chão.
Por que esse pote ainda não quebrou?
Caso quebrasse, o que aconteceria? Eu estaria livre desse aprisionamento. Eu poderia, finalmente, saborear os doces cristais de açúcar. Teria fim toda a minha angustia. Teriam fim todos os males que me afligem. Oh, doce liberdade!
Penso, agora, no lacinho vermelho. Ele dança justo à brisa quente. Parece não notar nada que ocorre ao seu redor. O lacinho goza de uma liberdade que as jujubas não têm, liberdade essa que eu queria ter. E é apenas um sonho. Tão simplório...

Alberto Bezerra
Elton Rafael
Francisco Robério
Lucas Gabriel

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