
Subitamente, um pote foi
colocado sobre a mesa, ceifando a conversa. Era um pote engraçado,
transparente. Tinha um lacinho vermelho ao redor de sua tampa. Em seu interior,
podia-se ver muitas jujubas coloridas e açucaradas. Cada jujuba parecia querer
saltar para fora do vidro que as aprisionava. Tive pena daquelas pobres
jujubas. Amáveis calouras de Logística nos abordavam:
- Ei, meninos, vocês não
gostariam de nos ajudar?
O jogo era o seguinte: apostaríamos
na quantidade de jujubas dentro do pote:
-Quem acertar, ganhará o
pote de jujubas e o lacinho vermelho.
Olho para o pote, agora, e
me sinto sufocado. Sinto-me angustiado. Nem os cristais de açúcar confortam-me.
Lembro-me de um Ônibus que
peguei um dia. Totalmente lotado. Nele, jujubas de todas as cores apertavam-se
e até disputavam o menor espaço pareceu-me que o pote ia quebrar. Senti a mesma
angustia e sensação de sufocamento que sinto agora.
É assim que uma sardinha se
sente quando enlatada? Penso no caos que e a hora do rush na capital indiana,
Nova Deli. Jujubas lotam as ruas de um lado para o outro. Todas de baixo do
forte sol que castiga a superpopulosa cidade. Parece-me que o pote vai quebrar.
E quando, em um dia de
verão, o elevador lotado demora a chegar no andar esperado, jujubas suadas
apertam-se totalmente importantes dentro do pote. Realmente parece-me que o pote
vai quebrar.
Em um grande espetáculo,
jujubas coloridas, felizes e saltitantes se esbarram em puro êxtase espalhando
cristais de açúcar pelo chão.
Por que esse pote ainda não
quebrou?
Caso quebrasse, o que
aconteceria? Eu estaria livre desse aprisionamento. Eu poderia, finalmente,
saborear os doces cristais de açúcar. Teria fim toda a minha angustia. Teriam
fim todos os males que me afligem. Oh, doce liberdade!
Penso, agora, no lacinho
vermelho. Ele dança justo à brisa quente. Parece não notar nada que ocorre ao
seu redor. O lacinho goza de uma liberdade que as jujubas não têm, liberdade
essa que eu queria ter. E é apenas um sonho. Tão simplório...
Alberto Bezerra
Elton Rafael
Francisco Robério
Lucas Gabriel
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