
É impossível olhar para o passado e
não querer converter tudo aquilo que foi feito, fazer algo totalmente contrário
ao que foi iniciado. É como juntar água e óleo.
Olhar para trás e sentir aquela
mágoa, aquela dor pequenina que fica escondida entre um amontoado de sentimentos.
Ela levanta-se. Eu a encaro furiosa, sentindo meus olhos se encherem de
lágrimas. Quem diria que tanto esforço não valeria nada! Obrigo o choro a
sumir, se esconder e tento colocar a mágoa em seu devido lugar. Era tudo tão
triste e repentino. Já se passou tanto tempo, estava cansada de remoer todos aqueles
sentimentos. Não aguentava mais aquela tormenta. Fecho os olhos e tento pensar
em alguma outra coisa diferente da matéria de Programação, a pedra no sapato de
muitos alunos e o meu fracasso acadêmico. Mas volto a abri-los rapidamente e
percebo que nem tudo está perdido, pois poderia ser pior.
Eu poderia ter ficado para trás,
poderia ter reprovado em outras disciplinas, e apenas olhar todos os outros
seguirem em frente em sua caminhada vivencial, usufruindo de novos conteúdos,
enfrentando novas dificuldades, construindo novas histórias, enquanto eu
ficaria ali, presa no mesmo lugar, frio e lastimável, como um porta-retratos
esquecido na estante, onde a fotografia presente não arranca olhares de
ninguém.
Não deixaria essas lembranças se
esvaírem nunca de minha mente. Diante de tantas horas estudando no IFRN e em
casa, tantos algoritmos, códigos de difícil compreensão, eu sentia um aperto no
peito, uma dor incontrolavelmente destruidora, mas não uma dor carnal, e sim
emocional, que me fazia perder a cabeça e ficar insana em alguns momentos.
A amizade nunca nos deixa cair, e
comigo não foi diferente, pois no IF de São Gonçalo, fiz grandes amizades.
Ganhei muitos conselhos, como os de Ester e Manu; abraços apertados de Gerardo
e Rafael; sorrisos e muitas risadas
proporcionados por Hugo e o trio Kate-Tere-Kathy, que não conseguiram
acompanhar o restante da turma, mas mesmo assim me sustentaram em todas a horas
em que não conseguia nem ao menos me suportar. Eles me mostraram um ponto final
para poder recomeçar. Hoje, graças a eles, estou conseguindo prosseguir e não
olhar para o sofrimento do passado.
Nós devemos aprender com os nossos
erros e, através deles, escrever nosso futuro. Se acontecer novamente comigo,
devo levar isso como um lema e não sofrer tanto para não sucumbir à dor
novamente. Devemos sempre nos empenhar mais e nunca desistir de tentar. Correr
atrás de nossos objetivos sem deixar-nos abater por meras pedras no caminho.
Jocyele Marinheiro
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