
As garotas dançavam, os homens da velha
vila se embebedavam, jogavam baralho e, encantados, as flertavam. Sol e Luna, as
gêmeas mais bonitas e desejadas daquela região, dançavam cancan enquanto, sentado
no balcão, Frank Miller, mais uma vez, tentava seduzir alguma mulher que
quisesse lhe dar amor. Miller era o fiel ajudante do xerife Alfred Besan, que
mal saía de seu gabinete devido ao seu alto índice de gordura e de preguiça. Alfred
era conhecido pelos feitos do ajudante. Homem corajoso e destemido, Frank
sempre enfrentava os bandidos que tentavam roubar o Big Bank, o banco da vila.
Miller era sempre bem sucedido em seus
confrontos. Sua pistola brilhava, as esporas das botas eram bem afiadas, roupas
e chapéu sempre alinhados, mas Frank nunca encontrava uma mulher para ser sua. Todas
as noites, ia ao cabaret, mas nem as
meretrizes se entregavam àquele que parecia apenas um reles ajudante. Uma vez, as
gêmeas decidiram dar uma noite de alegria e prazer àquele pobre moço. Subiram
as escadas do cabaret até os quartos
e entraram no 609. Frank, encantado com aquelas belas mulheres, não via a hora
de se deliciar naquelas curvas. As gêmeas, que sempre faziam tudo junto, adoravam
mandar nos homens. Na hora, mandaram Frank, com a boca, tirar suas meias
rendadas, desvencilhar os laços de seus corseletes e beijar seus corpos por
inteiro. Frank foi o homem mais feliz daquela noite, mas ainda se sentia só.
Até que um dia, Frank viu uma moça de
cabelos negros, pele branca e olhos cor de mel no cabaret. Ele nunca tinha visto aquela mulher. Curioso, foi logo
perguntando a um garçom quem era aquela moça, e ele respondeu:
- Essa é a meretriz de ouro, meu caro. Ela
é exclusiva do coronel Kill.
Kill era um coronel muito respeitado e
temido daquela região, mas Frank se apaixonou por aquela que seria proibida
para ele. Miller, sempre corajoso, foi logo atrás da moça misteriosa. Viu-a
entrando no 512 e percebeu que a meretriz estava só. Entrou no quarto e deu de
cara com a moça nua, deitada na cama. Seios fartos, curvas como a de um violão,
era quase impossível não se apaixonar. Frank, ligeiro como bala, foi logo se
despindo. Corpos suados, mãos entrelaçadas, respiração ofegante, foram dez
minutos de amor. No outro dia, o pobre rapaz apaixonado pela meretriz foi ao cabaret para conversar com a moça. Pensava
ele em se declarar para ela, pois achava que ela seria sua.
Chegando ao quarto, deparou-se com a
meretriz deitada com o coronel. Frank não pensou duas vezes. Tomado pela raiva, sacou sua pistola e matou
o coronel Kill e aquela que por uma noite preencheu o vazio de seu coração. Frank
Miller seguiu solitário, procurando dentre as mulheres aquela que chamaria de
sua, mas sempre de cabeça erguida, enfrentando os perigos e baleando a dor.
Victor Morais
Conto produzido a partir da letra da canção brega Pistoleiro do amor, de José Orlando.
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