
Eu, muito interessado, fui me
informar a respeito do nome da ciganinha de cabelos negros. O nome dela era Sandra
Rosa Madalena. Todos já a aplaudiam naquele final de festa, mas de repente a
ciganinha saiu da roda que havia sido feita, como se fugisse de alguém. Eu saí
atrás dela, para saber aonde ela iria com tanta pressa. Ela andava rápido sem
nem olhar para trás, apressando cada vez mais os passos, parecia até que já
sabia que eu a seguia. A moça passava por ruas estreitas, descendo e subindo ladeiras,
daquele pequeno lugar. De repente, a moça deu uma olhada para trás, uma simples
jogada de cabelo para o lado, e entrou na avenida principal em meio à procissão
de nossa padroeira. Eu havia perdido a moça de vista em meio a tanta gente, mas
mesmo assim continuei a procurá-la como um louco. A curiosidade e o desejo
aumentavam cada vez mais, quando de repente vi um vulto da ciganinha entrando
numa rua. Eu havia voltado a seguir a moça pelas vielas daquela pequena cidade,
só pensando aonde ela iria parar. Apesar de ser de fora da cidade, parecia conhecer
muito bem cada lugar daquela terra.
A moça entrou numa casa velha, uma
pequena morada abandonada caindo aos pedaços. Quando a vi entrando na casa,
pensei: “Agora descubro aonde vai essa ciganinha com tanta pressa”. Quando
cheguei perto da porta da casa, escutei a moça falando, como se estivesse
conversando com alguém, e então me aproximei da casinha. Escutei aflitivamente:
- Não, eu não
quero! Sai daqui. Não vou ceder, me deixe em paz! Peço-lhe por tudo que é sagrado...
Por que eu? Hein, por que eu?
Eu tomei coragem e
abri a porta velha. A moça estava lá, sentada no chão empoeirado e sujo. Tinha
a face abatida e trêmula, mas o que mais me chamou a atenção, foi o fato de estar
sozinha naquela agonia. Não havia com quem ela dialogar, e ainda mais, estar
tão nervosa. Então perguntei-lhe:
- De quem estás
fugindo? Me fala quem haveria de querer o mal de uma moça tão bela quanto você.
Eu a venho observando desde a festa de nossa padroeira, e a vi entrar aqui.
E esta indagação foi
interrompida pelas súplicas da moça.
-Tira ele daqui!
Por favor, não!
- Mas não há
ninguém aqui, além de nós dois.
A moça deu um
único grito e apagou. Fui checar se ela estava viva, mas para a minha infelicidade
ela não estava. E foi assim que eu cheguei aqui neste lugar, onde hoje estou,
nesta cela de prisão, graças à infelicidade e injustiça do destino.
Daniel Santiago
Conto produzido a partir da
letra da canção brega Sandra Rosa Madalena, de Sidney Magal.
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