sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

COM O IF NA ESTRADA

Viajar, transportar-se, conhecer outro lugar... Quem nunca viajou? Até mesmo pequenas distâncias contam, não precisa ser uma volta pelo país ou dias na estrada. Na maioria das vezes, viajar é sempre bom, não importam as circunstâncias. E quando a viagem é com amigos, melhor ainda, sobretudo se forem entrosados como os amigos do colégio. Mas a melhor coisa numa viagem é quando ela sai de graça! Como foi o caso das viagens da turma de Informática do Campus São Gonçalo. Tudo bancado pelo IF. Transporte, comida, estadia... Tudo na conta do nosso querido Instituto.
            Destinos? O primeiro deles foi Mossoró, terra abrasante, solina, de temperatura canícula, quase insuportável, que até mesmo na sombra dava para sentir aquele bafo soalheiro, quase um mormaço, já que nem vento tinha (isso tudo pra dizer que é um calor dos infernos!). Segundo o professor de Geografia, não há vento porque Mossoró está localizada em um verdadeiro buraco - literalmente, a cidade fica em uma depressão. Geográfica, não pelo calor.
O intuito da viagem era levar os alunos a um congresso da revista EPOCA (não confunda com a revista Época! Entre essas duas não há nenhuma relação) - Escola Potiguar de Ciência e suas Aplicações. Ao contrário do que dizem, não fui fazer programa lá em Mossoró. Na verdade, fiz um programinha para ir. E eu não fiz só, mas sim com dois colegas que também participaram do serviço - David e Júlio -, ou seja, três empenhados em um programa só, dando tudo de si, ao máximo, para no final, serem contemplados por um programa digno de excelência.
Porém, esse programa na verdade foi um simulacro, quase um disfarce que se sustentava à base de exterioridade e ideais que nem em prática foram colocados. Foi uma encenação durante a apresentação. Três boys fizeram um programa que ensina Matemática para cegos (ou pelo menos deveria), mas que na verdade não fizeram muita coisa. De professor digital para deficientes visuais só tinha o vídeo de apresentação mesmo. Na verdade, era como um filme do século XXI, cheio de efeitos especiais e montagens para parecer um programa de verdade. Ali deu para perceber que para crescer basta a oportunidade. Não precisa nem ser lá essa coisa toda. Um exemplo disso é Chibério, que, como ele mesmo diz, não era merda nenhuma e hoje tá aí, o “dotô” do Campus!
E na pausa para o break-fast? Todos os alunos famintos foram atacar as mesas de salgados e bebidas. Nessas merendas sempre tem aqueles que aparentam não ter comido nada nos últimos três dias. Pegam o copo que deveria ser de refrigerante e enchem de salgado, secam uma jarra de suco sozinhos, fingem que vão pegar um bolinho e na mão vêm quatro, etc. Isso foi o que mais se viu durante tais pausas.
Também há geralmente os deslocados. Taygor e Victor são a prova mais viva de que a vagabundagem está em qualquer lugar. Pareciam estar lá só pra curtir e não para aprender - que é o verdadeiro objetivo da viagem. Nessa de Mossoró, não foi diferente, eles deram uma de jogador de bilhar e passaram o dia no playground do hotel, jogando sinuca como se não tivesse acontecendo palestras nas salas de aula. O desinteresse é extremo! Acho que pensaram que estavam em um boteco perto do terminal rodoviário de São Gonçalo, só pode. Outros ficaram deitados na beira da piscina de calça jeans e farda, como a Lorena. Ela deve ter pego um belo bronze! Como se já não bastasse a marca que a farda nos deixa. Se você pedir para qualquer aluno do IF tirar a camisa, vai ver que todos têm uma marca característica nos braços. É como se todos fizessem o que a Lorena fez. Há, ainda, os que aproveitam para fazer um book de fotos (ou pelo menos é o que parecia). O fotógrafo, Raddson, com sua máquina mais profissional que Milson Santos, professor de Português, dando aula, mandava os fotografados fazerem cada pose mais forçada que a outra, em lugares onde não tinha nada a ver tirar uma foto.
Fora essas coisas de alunos, o resto da viagem foi bastante comportada, graças ao professor que vive fazendo programa por todos os lados. Esse Gilbran... Onde estiver, ele faz programa, em casa e até no colégio! E quando ele não tem seu material para fazer programa, deve ficar pensando em como vai ser prazeroso o próximo programa que vai fazer.
Seguindo o clima de viagem, houve outra que muito nos marcou, com diferença de duas semanas entre a primeira. Dessa vez, coordenada pelo que se diz o Gatto do Campus, o professor Wilson Gatto, com presença de outros dois docentes que foram no intuito de melhorar o aprendizado dos alunos no percurso – Glícia (Artes Visuais) e Cosme Neto (professor de História).
Bom, pra descrever a viagem foi dado um roteiro que era mais ou menos o seguinte:
Itinerário descritivo pré-conceitual: (1) Tangará, ponto de parada para nosso café da manhã; (2) Currais Novos, ponto turístico onde visitaríamos a mina Brejuí; (3) Acari, lugar do açude de Gargalheiras, potente barragem que guarda as águas de uma represa; (4) Portalegre, linda cidade serrana onde passaríamos a noite para descansar; (5) Apodi, lugar do Lajedo de Soledade, um sítio arqueológico com grande importância nacional; e (6) Ipanguaçu, grande polo fruticultor do RN, onde visitaríamos uma cultura de mangas.
Mas após a viagem criei meu próprio roteiro:
Itinerário descritivo pós-conceitual: (1) Tangará: só presta pra comer pastel, e do ruim; (2) Currais Novos: quase uma Mossoró, só que com túneis subterrâneos pra tirar ferro e vender; (3) Acari: só tem um rio de água verde e podre, parece um balde de tinta acrilex gigante. Acho que se colocar a mão ali é capaz de adquirir uma contaminação por bactérias! (4) Portalegre: lugar onde ninguém dormiu. Não vimos nada de cidade linda, só uma piscina no hotel e uma sinuca para aqueles jogadores de bilhar; (5) Apodi: só pedras rachadas, cocô de bode pra todo lado e algumas pinturas nas paredes. O bom de lá são as minicavernas que mais parecem ser climatizadas; (6) Ipanguaçu, lugar onde o motorista fez a merda de colocar o ônibus quase dentro de um córrego, aí tivemos que andar mais de 1 km por dentro de pés-de-manga com um gordinho falando de manga Tommy, Kent e Kate, aquelas mangas que ninguém vê porque são as melhores e só vão para exportação.
Sem esquecer de citar os ótimos motoristas enviados à missão de nos conduzir pelo território norte-rio-grandense. O que conduziu a turma de Edificações, que infelizmente teve que ir, se perdeu duas vezes, atrasando a viagem em mais de 4 horas (Como alguém se perde com GPS e outro companheiro na pista!?). Mas o nosso motorista também falhou na missão. Quando chegou na fazenda de manga, ele quase jogou o ônibus córrego a dentro. O pneu de trás ficou na ribanceira e o dianteiro ficou suspenso! Mário Jorge, aquele cara de peso da sala, estava bem no assento em que o pneu caíra, aí gritaram “Mário! Corre pra esse lado! Sua presença aqui é fundamental para fazer baixar o pneu suspenso!”. O riso foi incontrolável!
Mas é isso aí... Éramos loucos por uma aula de campo. Apesar de alguns percalços, em geral elas são ótimas, como foram as nossas. Deu para rir, entreter, aprender (ou não), dormir (ou não), comer bem, conhecer novos ares, paisagens e pessoas. Foram produtivas, não há como negar!

Arthur Cohen


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