
- Ei, enfermeira. É, você mesma. Não vê? Estou aqui há
séculos. Não só eu. Não vê que a dezenas de pessoas aqui? Temos que ser
atendidas. É nosso direito.
- Minha senhora, eu não posso fazer nada. Aqui no parque
das dunas não tem um bom atendimento. Tem que esperar. Tenha paciência. Deixe a
gente trabalhar.
Não vou mais ser da paz. Vou fazer uma revolução. Parar
tudo e chamar a atenção. Vou fazer vir a polícia. A TV Cabugi vai nos gravar.
Como pode uma coisa dessas? Eu pagar todos os meus impostos e não ser atendida?
- Ei todos vocês. Não devemos aceitar esse descaso. Temos
que ir à luta. Não podemos ficar esperando por algo que não chega. Devemos
buscar! Buscar! Buscar! Até conseguir receber o que nos foi roubado. Como pode
um deputado ganhar milhares? E tem aqueles que ainda roubam. Não milhares,
milhões. E a área da saúde precisando de coisas simples. Esse dinheiro deveria
estar nos hospitais; nos postos de saúde e em tantos outros lugares
importantes.
- Senhora, pare, por favor. A sua filha terá que ir a uma
unidade de saúde. Não temos suporte médico que possa atendê-la. O transporte
está chagando.
Mais
uma vez terei que ir a outro lugar. Quantas vezes isso aconteceu? Não sei.
Foram muitas.
- Vejam o que estão fazendo. Nos fazem vir aqui. E aí?
Você foi atendido? Mais uma vez terei que me deslocar. Minha filha está
morrendo. Parece que não somos nada. A gente só serve para os eleger. Minha
filha precisa de um atendimento rápido. Estão vendo o seu estado em meus braços?
- Senhora, o transporte chegou. Vamos.
Rickson Andrade
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