domingo, 17 de julho de 2016

Posto de doença

Cheguei aqui de seis horas e nada de ser atendida. Só vejo pessoas chegando. Cadê? Onde estão os médicos? Não posso passar o dia aqui. Minha filha está morrendo de febre. A s dores não param. Foi aquele mosquito maldito. Mosquito não, mosquita. Necessito falar com alguém.
 - Ei, enfermeira. É, você mesma. Não vê? Estou aqui há séculos. Não só eu. Não vê que a dezenas de pessoas aqui? Temos que ser atendidas. É nosso direito.
            - Minha senhora, eu não posso fazer nada. Aqui no parque das dunas não tem um bom atendimento. Tem que esperar. Tenha paciência. Deixe a gente trabalhar.
         Não vou mais ser da paz. Vou fazer uma revolução. Parar tudo e chamar a atenção. Vou fazer vir a polícia. A TV Cabugi vai nos gravar. Como pode uma coisa dessas? Eu pagar todos os meus impostos e não ser atendida?
            - Ei todos vocês. Não devemos aceitar esse descaso. Temos que ir à luta. Não podemos ficar esperando por algo que não chega. Devemos buscar! Buscar! Buscar! Até conseguir receber o que nos foi roubado. Como pode um deputado ganhar milhares? E tem aqueles que ainda roubam. Não milhares, milhões. E a área da saúde precisando de coisas simples. Esse dinheiro deveria estar nos hospitais; nos postos de saúde e em tantos outros lugares importantes.
            - Senhora, pare, por favor. A sua filha terá que ir a uma unidade de saúde. Não temos suporte médico que possa atendê-la. O transporte está chagando.
            Mais uma vez terei que ir a outro lugar. Quantas vezes isso aconteceu? Não sei. Foram muitas.
            - Vejam o que estão fazendo. Nos fazem vir aqui. E aí? Você foi atendido? Mais uma vez terei que me deslocar. Minha filha está morrendo. Parece que não somos nada. A gente só serve para os eleger. Minha filha precisa de um atendimento rápido. Estão vendo o seu estado em meus braços?

            - Senhora, o transporte chegou. Vamos.

Rickson Andrade

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