
Ontem,
Juliana e Carol estavam lá em casa. Falando sobre esse papo de feminismo.
-
Nós só queremos a igualdade de direitos. Queremos que nos parem de ver como
coitadinhas. Não precisamos de um homem para nos defender. Somos tão fortes
quanto eles. Podemos nos defender de qualquer coisa. Sozinhas. – disseram elas.
Ligo
a TV. Está passando o caso do homem que entrou no quarto da Ana Hickmann.
Tentou matá-la.
“O suposto fã fez a apresentadora. O cunhado. Sua
mulher de reféns. Obrigou os três a se sentarem de costas. Começou a insultá-los. O cunhado levantou-se. Foi
em direção ao criminoso. As vitimas saíram correndo do apartamento. Gustavo,
cunhado de Ana, entrou em luta corporal. Conseguiu desarmar o agressor.”
- Nossa! Mas que cara machista esse Gustavo. A Ana é que
deveria ter entrado em luta corporal. Salvaria todos. – ironizei. E disse mais:
Ninguém nunca fala sobre esse peso. Jogado nas costas do homem. O homem só tem
privilégios!
Carol percebendo minha ironia, abriu logo o bocão:
- Pelo amor de Deus! Você não percebe que o machismo afeta a
todos, inclusive aos homens? Eles têm sempre que ser heróis. Por isso, eu quero
igualdade em tudo. E não privilégios. Quero ser respeitada pelo que sou. Pelo
que faço. Não pelo que visto.
Não fiquei calada. Rebati:
- Igualdade? Somos seres diferentes. Homem e mulher.
Feminismo só serve para quebrar a harmonia. Com falsas palavras cheias de
glitter. Temos dois tipos de seres na nossa espécie. Somos diferentes. Temos
responsabilidades diferentes. Temos deveres diferentes.
Mas ela não desiste de tentar me levar para o lado feminazi.
Disse:
- Então, temos nossos deveres. Vamos cada um escolher os
nossos. Não vamos deixar que digam do que somos e não somos capazes. Podemos
fazer tudo.
Que menina insistente! Quando coloca uma coisa na cabeça, não
tem quem tire. Mas para o azar dela, eu não sou fácil de ser convencida. Virar
feminista? Jamais!
- Mulher, acorda! Então, se você pode fazer tudo, trate de se
colocar no seu lugar.
Ela não hesitou em perguntar:
- E onde é o meu lugar?
Quis encerrar logo aquele mimimi. Eu já não aguentava mais.
Então disse:
- Qualquer lugar. Longe de mim.
Acho que fui um pouco grossa. Carol percebeu. E, antes que a
coisa ficasse pior, ela cortou o assunto. Mudou de canal. Levantei. Fui fazer
pipoca. Quando voltei, estava passando em um desses canais de fofoca, fotos da
primeira-dama do Brasil, Marcela Temer, ao lado do seu esposo Michel Temer.
- Eu acho engraçado como a vida sexual da Dilma parecia algo
questionável. Relevante. Inclusive para a mídia. Mas todos tratam com
naturalidade um velho nojento e asqueroso que “pega novinha”, né?! Sabe quantos
anos ele tinha quando se apaixonou por ela? 62! Isso mesmo. Ela tinha 19. Uma
menina ainda. Esse Temer é um ridículo! – disse Juliana, toda revoltada.
Não acredito que ouvi isso. Elas só podem estar me testando.
Acabei de sair de uma discussão. Já vou ter que entrar em outra? E o pior de
tudo é que Juliana vestia uma blusa. Escrito assim: toda forma de amor é
válida. Olhei pra cara dela. Perguntei:
- Você lê o que está escrito em suas roupas antes de comprar?
- Eu estou falando sério! – disse ela.
- Eu também. Vocês
questionam tanto o amor. Dizem não ter cor. Nem sexo. Nem idade. Agora vem com
essa. – acrescentei.
Ela se calou por alguns segundos. Pareceu ficar em resposta.
Depois de um tempo, ela disse:
- É, pode até ser. Mas olha essa diferença de idade. Ele é
praticamente um pedófilo.
Pedófilo??? Novamente, não pude acreditar no que estava
ouvindo. É muita asneira para uma pessoa só. Não pude me conter:
- Como assim pedófilo?? 19 anos já é maioridade. Apesar de
ser jovem, não significa que ela não sabia o que estava fazendo. Além do mais,
os interesses da “menina” de 19 anos em se relacionar com um homem mais velho,
melhor remunerado, não passam pela tua cabeça, não?
- Esse é o problema. Ele a comprou. – ela disse.
Cada palavra que saía da boca de Juliana me deixava mais
indignada. Como é que essas feministas sempre arrumam um jeito de colocar a
culpa nos homens? É incrível!
- Juliana, você é inacreditável. Quanta babaquice! Por que
você e suas amigas mimizentas não ficam caladas? Fariam um favor para a
humanidade.
Confesso que me exalto um pouco quando me tiram do sério.
Carol ouvindo tudo aquilo, se meteu:
- Ju, desiste! Essa daí é antifeminista roxa. Nem adianta
discutir.
- Meninas, eu não sou obrigada a ser feminista! – disse.
Carol até já parecia conformada. Mas Juliana não. Ela estava
mesmo disposta. Fazer minha cabeça era seu objetivo. Ela disse:
- Mas a mulher pode ser o que ela quiser. Graças ao
feminismo.
Eu, já cheia daquele assunto, fui bem direta:
- Ora. Pois, se eu posso ser o que eu quiser, não sou
obrigada a ser feminista, certo?
- Mas... – Juliana já ia rebater. Não deixei. Continuei:
- Eu não pedi para ninguém queimar sutiã por mim, pedi? Nem para
colocarem peitos de fora. Muito menos levantar os braços com sovaco peludos, para
lutar por uma coisa que eu não preciso. Se eu posso ser o que eu quiser, então
respeitem a minha opinião.
Juliana, inconformada, ia dizer algo, mas Carol a impediu.
- Não. Tudo bem. Você está certa. Não vamos mais discutir
isso. Não vai dar em nada mesmo. – disse ela.
Pegou a pipoca. Aumentou o volume da TV. Assim, terminamos o
dia. Carol conformada. Juliana nem tanto. E eu com dor de cabeça. Nunca ouvi
tanto mimimi em um dia só.
Elainne Priscila
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