terça-feira, 12 de julho de 2016

Incesto

Acabamos de fazer o lanche. Ele já está quase chegando. Ding Dong,  deve ser ele. Mais uma noite daquelas. Do jeito que eu tava querendo. Ele, como de costume, me saciou. Me fez viva. Aí volta para o mundinho tosco novamente. Eu já disse pra ele acabar com aquela bosta. Ele precisa de mulher madura, experiente.
A esperança é a última que morre.
Eu sei que um dia ele vai assumir. Vai perceber que sou o melhor pra ele.
O telefone toca, deve ser Abigail querendo saber sobre seu filho. Não, irmã, ele acabou de sair. Hoje eu dei aula de línguas. Sim, Bi, ele está aprendendo bastante. Não se preocupa, as notas dele vão melhorar. Mande ele estudar. Tome o celular, não deixe ele ficar conversando com aquela garota. Sim, a namorada dele mesmo, ela está sendo uma má influência.
Não admitiria tamanha indecência.
Meu namorado me traindo na cara de pau. Nam, nam,  não.
Não sei se devo fazer para ele reconhecer que só precisa de mim. Isso, uma macumba! Acho que rola, daquelas da internet. Ah, é mesmo, simpatia. Nome completo: Maxsuel da Costa Barbosa.. Colocar na calcinha e perfumar com rosa. Espero que dê certo, aí ele vai ser só meu.
Mais um dia de aula, turma cheia, minha cabeça também. Só pensa em Max. Nos reforços que eu dou pra ele. Tô viajando em cada beijo, em cada noite, em cada desculpa que ele conta para namorada dele pra que a gente possa se encontrar.
E depois eu fico perguntando a Deus porque tinha que ser assim, esse amor impossível, imprudente.  choro, na cama. Calada. Engole o choro. Engole tudo. Ele ficou bem feliz. E assim passou-se mais uma noite de delírios e incerteza. Amor, acaba com ela, vamos ser só nós dois. E quebrei o clima novamente. Hoje acabamos mais cedo, culpa da minha idiotice. Hora de tomar um banho, colocar a lingerie vermelha e deitar para uma bela noite de sono.
Indo na casa da amiga Abigail, fazer uma visita para minha tão querida irmã, aproveito para ver meu sobrinho preferido, Max, e matar a saudade dele.
Puta merda, ainda nem entrei e já vi que a brutamonte dele tá aí,  aff. Estão vindo em minha direção, sorrindo. O que diabos está acontecendo aqui!?
- Tia, eu e Lívia vamos nos casar.
Morte súbita. Cadê meu chão?
Acordei no sofá de Abigail, com meu príncipe, Max, me olhando.
-Misericórdia, o que tu tem, menina? -Perguntou Abigail.
Olhe no fundo dos olhos de Max. Ele viu a lágrima escondida na minha alma. Aflita por dentro. A mágoa era grande, tristeza profunda. Tava me sentindo imunda. Vou dizer do nosso caso. Isso não pode ficar assim. Ah, não pode.
Acordei. 6:00 da manhã. Preferia ter morrido a ter tido esse pesadelo. Não mereço. Mas, pelo menos, foi só um pesadelo. Meu mocinho ainda continua em meus braços para eu lhe ensinar o sentido da vida.
Proibido é mais gostoso.
Lembro quando ele nasceu. Eu o vi nascer. Fui acompanhar minha irmã no parto do seu primeiro filho. Fui a primeira a ver ele saindo dela, choramingando horrores. Talvez ali eu já o amasse.
Mas aí o amor cresceu, e hoje vivemos assim, nesse alvoroço. Nos condenariam, mas eu aceitaria. Por amor, só por amor. O amor puro, maduro. Que transborda, jorra, nas curvas da alma, sem calma.
Almoço de família para comemorar bodas de ouro de meus avós, toda a família estará presente. Momento perfeito para assumir nosso namoro. Chegando à festa, quase todos estão presentes, só faltam alguns, inclusive Max. Planejei tudo, quando ele chegar e passar naquela porta, gritarei para todos o nosso amor. E assim viveremos felizes para todo o sempre.

Thayse Maria

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