segunda-feira, 11 de julho de 2016

Minha prazerosa vingança

Todo mundo aqui em Natal me chama de Rafinha. Tenho 19 anos. E você sabe por que estou aqui ,né, doutor? Descobri que tenho HIV. Minha primeira relação foi com o Ruham. Ele era forte. Cheiroso. Muito gostoso. Toda vez que íamos pra cama eu gritava. Gemia. Pedia pra ele apagar minhas chamas com sua mangueira enorme.
Depois foi o Juca. Ele era quieto. Mas entre quatro paredes fazia um enorme carnaval. Eu adorava aquele negro. Sabia fazer a festa direitinho. Adorava fazer-se de santo. Mas de santo não tinha nada.
Logo após veio o João. Ele era os mais sem noção. Com ele aprendi muitas coisas novas. Tinha os desejos mais obscenos. Adorava usar fantasias durante a relação. Além de querem fazer o nheco-nheco em todo lugar. Uma vez fizemos no provador do shopping Midway Mall. Outra vez no meio do matagal. O melhor de todos, dentro do carro.
Todos os três estavam sem a casca da banana. Então não sei quem passou essa doença pra mim. Mas quer saber doutor ?Eu vou me vingar!Vou pra cama com eles de novo e com quem mais me aparecer na frente. Rejeitando sempre a famosa camisinha.
Cansei de passar horas no banheiro com diarreia. Cansei dessa vida de doente. Cansei desse amor e desamor pela vida.  Principalmente cansei de dizer não aos caras que querem entrar no meu circo sem o ingresso.Agora pode vir em mim, que sou uma rafinharia de prazer.
Nem venha me oferecer preservativo. Vai ser desnecessário. Vou foder com todos como se fosse minha última vez. Como se já estivesse prestes a morrer e eles fossem minha cura. Eu quero ejacular múltiplas vezes. Quero que eles sintam todo ódio. E rancor que sinto por ser um soro positivo. Quero ver o medo deles de sofrerem preconceito. Só por ter uma doença sem cura.
Eles e todo mundo vão pra puta que os pariu depois que eu os contaminar. Vai ser bom pra que eles aprendam que comigo é assim: olho por olho, dente por dente. E que tenham um infeliz resto de vida tomando o remédio santo de cada dia. Pra conseguir sobreviver.
Ah, Doutor. Eu vou sim contaminar!

 André Carlos 

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