Caralho! Abra essa porta,
menino! Porra! Se esconde, vai. Minha
mãe batia na porta freneticamente.
Eu não sabia onde esconder alguém tão grande
como Paulo. Pouco antes, estávamos em prazer eterno. Deitados juntos. Nos tornávamos um só. As batidas interromperam nosso pequeno
carnaval. Elas me tiraram dos braços másculos de
Paulo. Onde esconder alguém tão grande?
Belo. Perfeito. Gostoso.
Não sei! Nilson,
abra essa porta
agora. Quero saber que gemedeira é essa no seu quarto.
Minha mãe não podia saber. Nem meu pai. Talvez eu não vivesse para
contar a história. Paulo não é o primeiro e nem será o último a sentir o conforto da minha cama. Meu quarto, atrás da
igreja, o banheiro da escola, enfim. Prazer.
Eram meus ninhos de amor. Todos queriam mais. O que meus pais diriam?
Não posso falar. Fico com umas “rachas” por aí. Uma máscara, apenas. Encenação forçada.
Pensei em me assumir. Para meus pais. Medo. Sinto medo. Pedi a Deus para me dar força. Meu pai diz: Deus nunca escuta veado. Era assim que ele
iria me denominar. Uma semana atrás pensei em assumir meus casos. Casos loucos de amor. Xavier. Victor.
Rickson. Vinícius. Paulo. Não os tiro da mente.
Tantos lugares. Cada noite selvagem! Não vou contar.
Não tenho coragem. Mas quem é minha mãe? Quem é meu pai? Para denominar o amor... Amor é
amor. Seja ele qual for. Que foi, mãe?
- Por que não
abriu a porta?
- Estava dormindo.
- E essa gemedeira?
- Não tem gemido aqui.
Ela olhou desconfiada. Saiu. Mandei Paulo
embora. Um beijo. Quente. Bom. Gostoso. Saltou a janela.
No outro dia, fui decidido. Falarei com meus pais. O amor. Nada mais
importa. Amo ser quem sou.
- Mãe, pai, preciso falar com vocês.
- Pode falar.
- Eu sou gay. Sempre fui, mas tinha medo de falar.
Ficaram olhando para mim como se estivessem sonhando.
Minha mãe desmaiou. Meu pai foi ajudá-la.
Naquela tarde, a levamos para o hospital.
Recebeu alta à noite.
Meu pai nada disse. Pela manhã, só me falou uma palavra.
- Saia!
Não discuti. Não me opus. Fiquei calado. Talvez, um dia, eles me aceitem. Fui.
Não olhei para trás.
Luan Filipe

Minha mãe não podia saber. Nem meu pai. Talvez eu não vivesse para
contar a história. Paulo não é o primeiro e nem será o último a sentir o conforto da minha cama. Meu quarto, atrás da
igreja, o banheiro da escola, enfim. Prazer.
Eram meus ninhos de amor. Todos queriam mais. O que meus pais diriam?
Não posso falar. Fico com umas “rachas” por aí. Uma máscara, apenas. Encenação forçada.
Pensei em me assumir. Para meus pais. Medo. Sinto medo. Pedi a Deus para me dar força. Meu pai diz: Deus nunca escuta veado. Era assim que ele
iria me denominar. Uma semana atrás pensei em assumir meus casos. Casos loucos de amor. Xavier. Victor.
Rickson. Vinícius. Paulo. Não os tiro da mente.
Tantos lugares. Cada noite selvagem! Não vou contar.
Não tenho coragem. Mas quem é minha mãe? Quem é meu pai? Para denominar o amor... Amor é
amor. Seja ele qual for. Que foi, mãe?
- Por que não
abriu a porta?
- Estava dormindo.
- E essa gemedeira?
- Não tem gemido aqui.
Ela olhou desconfiada. Saiu. Mandei Paulo
embora. Um beijo. Quente. Bom. Gostoso. Saltou a janela.
No outro dia, fui decidido. Falarei com meus pais. O amor. Nada mais
importa. Amo ser quem sou.
- Mãe, pai, preciso falar com vocês.
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