
Sempre que digo que sou socialista, as pessoas logo me perguntam se tomo coca-cola. Se eu digo que sim, elas sempre dizem que eu sou poser, porque socialistas não tomam coca-cola. Ou que “é fácil ser socialista quando se tem casa e comida”. Ou ainda aquele clássico “Não queira transformar o Brasil em uma Venezuela (pode ser Bolívia também). Se você é socialista, vai pra Cuba! Lá eles são assim.” Mal sabem elas que hoje não existe nenhum país verdadeiramente socialista.
Isso me fez lembrar o dia em
que o professor de Geografia da minha antiga escola me veio falar que existia
um país socialista (país esse que até então eu não conhecia). Ele falou que lá
as pessoas não assistiam tevê, não tinham computador, nem usavam celulares
(sério que ele acha que isso é socialismo?). Não questionei.
Isso também acabou me lembrando
do dia em que Gustavo Mendes disse que iria ligar para todos os candidatos à
presidência do Brasil, menos para o do PSTU, porque ele não tinha celular. Para
ele, tinha que mandar uma carta.
Não tenho paciência para esses coxinhas.
Vocês sabem o que são coxinhas, né? Não?
Pois bem, coxinhas são reacionários da direita. Acho que isso é um
pleonasmo. Se são reacionários, são da direita; se são da direta, são
reacionários.
Eles têm uma visão
completamente deturpada do socialismo, acham que socialismo é “você ter duas vacas, o governo tomá-las e lhe dar um pouco de leite diariamente”, ou que o “governo vai colocar mendigos dentro da sua casa e você será obrigado a
dividir a casa com eles” (É sério, tem gente que pensa assim). Isso não é
bom, e o socialismo é algo bom. É a socialização da riqueza e não da pobreza.
Outro dia, vi um texto do Maicon Tenfen em que ele dizia que “Os
capitalistas (e os comunistas) sempre quiseram acabar com a nossa raça!”. Isso porque ele leu em um livro (Manifesto
de Marx e Engels) “que os comunistas iriam suprimir pela violência as antigas
relações de produção” (Sim, somos amantes da
violência, gostamos de ver sangue e vamos sair matando todos os burgueses.
Calma, estou brincando). Quando, na verdade, não é bem assim. Não
queremos fazer um revolução “linda”, “harmoniosa”, “meiga” ou qualquer outro adjetivo fofo. Mas temos certeza
que quanto mais apoio do povo, menos sangue a revolução derramará. Até porque sabemos que nenhum
ricaço vai ceder sua posição de classe “dominante” e abrir mão de sua fortuna
ou de suas empresas. E achamos injusto que pessoas acumulem riquezas (à custa
da exploração de outras) que nunca poderão contar ou gastar, enquanto outros
dormem nas calçadas e não têm para onde ir. Muitos poderiam dizer que é a
meritocracia. Mas é sério que dá pra se falar em meritocracia quando alguns
nascem em berço de ouro e outros nem berço têm?
Dizem que somos utópicos por idealizar essa sociedade
perfeita e que todos são assim até que amadurecem. Espera. É isso? Amadurecer é
sinônimo de não lutar? Sinônimo de comodidade?
Se for assim, desejo que ninguém amadureça nunca. Se
querer que todas as pessoas tenham uma vida digna, se querer viver em uma
sociedade em que todos são iguais, em que não existem classes sociais, que não
exista nenhum tipo de opressão, é ser utópica, então eu digo: Sim! Sou utópica!
Nós lutamos por isso porque acreditamos que é possível
mudar a realidade que vivemos, lutamos porque acreditamos que só a luta, a voz
que vem das ruas vai mudar essa sociedade e vai transformar esse lugar em um
mundo melhor para todos e não somente para alguns. E para os que não acreditam
que isso possa acontecer, deixo uma frase de Trotsky, um político, intelectual
marxista, escritor e revolucionário bolchevique. Um dos principais líderes e
organizadores da Revolução de 1917, que derrubou a monarquia na Rússia: “Toda
revolução é impossível até que se torna
inevitável”.
Ah, só pra não esquecer, quando socialistas falam em tomar propriedades,
estamos nos referindo à propriedade de terras ou meios de produção (empresas);
quando seguidores da VEJA, ISTO É, falam que vamos confiscar seu celular, estamos na área dos objetos
pessoais. Queremos necessariamente distribuir a propriedade universalmente, mas
não queremos tomar seu smartphone. Relaxa!
Joyce Kelly
Melhor crônica!
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