segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Eu socialista



          Sempre que digo que sou socialista, as pessoas logo me perguntam se tomo coca-cola. Se eu digo que sim, elas sempre dizem que eu sou poser, porque socialistas não tomam coca-cola. Ou que “é fácil ser socialista quando se tem casa e comida”. Ou ainda aquele clássico “Não queira transformar o Brasil em uma Venezuela (pode ser Bolívia também). Se você é socialista, vai pra Cuba! Lá eles são assim.” Mal sabem elas que hoje não existe nenhum país verdadeiramente socialista.
Isso me fez lembrar o dia em que o professor de Geografia da minha antiga escola me veio falar que existia um país socialista (país esse que até então eu não conhecia). Ele falou que lá as pessoas não assistiam tevê, não tinham computador, nem usavam celulares (sério que ele acha que isso é socialismo?). Não questionei.
Isso também acabou me lembrando do dia em que Gustavo Mendes disse que iria ligar para todos os candidatos à presidência do Brasil, menos para o do PSTU, porque ele não tinha celular. Para ele, tinha que mandar uma carta.
Não tenho paciência para  esses coxinhas. Vocês sabem o que são coxinhas, né? Não? Pois bem, coxinhas são reacionários da direita. Acho que isso é um pleonasmo. Se são reacionários, são da direita; se são da direta, são reacionários.
Eles têm uma visão completamente deturpada do socialismo, acham que socialismo é “você ter duas vacas, o governo tomá-las e lhe dar um pouco de leite diariamente”, ou que o “governo vai colocar mendigos dentro da sua casa e você será obrigado a dividir a casa com eles” (É sério, tem gente que pensa assim). Isso não é bom, e o socialismo é algo bom. É a socialização da riqueza e não da pobreza.
Outro dia, vi um texto do Maicon Tenfen em que ele dizia queOs capitalistas (e os comunistas) sempre quiseram acabar com a nossa raça!”. Isso porque ele leu em um livro (Manifesto de Marx e Engels) “que os comunistas iriam suprimir pela violência as antigas relações de produção” (Sim, somos amantes da violência, gostamos de ver sangue e vamos sair matando todos os burgueses. Calma, estou brincando). Quando, na verdade, não é bem assim. Não queremos fazer um revolução “linda”, “harmoniosa”, “meiga ou qualquer outro adjetivo fofo. Mas temos certeza que quanto mais apoio do povo, menos sangue a revolução derramará. Até porque sabemos que nenhum ricaço vai ceder sua posição de classe “dominante” e abrir mão de sua fortuna ou de suas empresas. E achamos injusto que pessoas acumulem riquezas (à custa da exploração de outras) que nunca poderão contar ou gastar, enquanto outros dormem nas calçadas e não têm para onde ir. Muitos poderiam dizer que é a meritocracia. Mas é sério que dá pra se falar em meritocracia quando alguns nascem em berço de ouro e outros nem berço têm?
Dizem que somos utópicos por idealizar essa sociedade perfeita e que todos são assim até que amadurecem. Espera. É isso? Amadurecer é sinônimo de não lutar? Sinônimo de comodidade?
Se for assim, desejo que ninguém amadureça nunca. Se querer que todas as pessoas tenham uma vida digna, se querer viver em uma sociedade em que todos são iguais, em que não existem classes sociais, que não exista nenhum tipo de opressão, é ser utópica, então eu digo: Sim! Sou utópica!
Nós lutamos por isso porque acreditamos que é possível mudar a realidade que vivemos, lutamos porque acreditamos que só a luta, a voz que vem das ruas vai mudar essa sociedade e vai transformar esse lugar em um mundo melhor para todos e não somente para alguns. E para os que não acreditam que isso possa acontecer, deixo uma frase de Trotsky, um político, intelectual marxista, escritor e revolucionário bolchevique. Um dos principais líderes e organizadores da Revolução de 1917, que derrubou a monarquia na Rússia: Toda revolução é impossível até que se torna inevitável”.
Ah, só pra não esquecer, quando socialistas falam em tomar propriedades, estamos nos referindo à propriedade de terras ou meios de produção (empresas); quando seguidores da VEJA, ISTO É, falam que vamos confiscar seu celular, estamos na área dos objetos pessoais. Queremos necessariamente distribuir a propriedade universalmente, mas não queremos tomar seu smartphone. Relaxa!


Joyce Kelly

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