segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Uma marca faz toda a diferença

Outro dia, estava eu passeando no bom, velho e conhecido Mid Way, quando avistei um anúncio. Mesmo estando distante, pude perceber que se tratava de uma mega, giga promoção, toda a loja com até 80% de desconto. Entrei. No interior da loja, não tinha quase ninguém. Pensei: Que bexiga é isso?! Afinal, não é nada comum encontrar poucas pessoas em uma loja que oferta uma promoção desse tipo (mesmo estando ela localizada no terceiro piso).
Apesar da promoção não ser lá essas coisas (como sempre), confesso que algumas poucas coisas me agradaram. Fiquei. Em seguida, fui abordada por uma simpática atendente.
            – Posso ajudar, senhora?
            – Onde ficam as roupas da promoção? – perguntei.
            – Ficam naquele corredor. Perto daquelas senhoras, ali.
            – Obrigada.
Ao me aproximar do local indicado, já pude perceber o porquê dos 80% de desconto. Meu amigo, tratava-se de roupas mais chibatas do que as vendidas na feira do Alecrim. Na verdade, até lá eu encontraria umas roupas mais bonitinhas, sério mesmo. Acima das roupas, vi os dizeres: Zara, o estilo que conquista - coleção 2014. Hômi, mas as roupas não bastavam ser feias não, tinham que ser caras também (beeem caras).
Caminhei um pouco mais. Fui dando uma olhada aqui, outra ali e,  de um corredor para o outro, pude escutar gritinhos de entusiasmo.
 – Mulher, essa Prada não vai combinar com aquela Carmen Steffens que acabamos de comprar. Acho melhor você escolher outra. Afinal, você não gastou todo aquele dinheiro à toa. Não é verdade?!
 – Amiga, quer saber? Vou levar todas. Moça!
 – Sim?
 – Quero levar todas! Ah, quero uma de cada cor.
 – Crédito ou débito?
 – Débito, por favor!
As moças se arrumaram, enquanto a vendedora fazia os pacotes.
 – A senhora precisa de ajuda?
 – Não, não  – respondi.
Assalto à mão armada? Que nada! Hoje em dia o negócio está muito mais sofisticado. A ordem foi invertida: os piores ladrões nos aguardam com um belo sorriso, e alguns ainda perguntam: crédito ou débito? E, assim, conseguem nos tirar muito mais dinheiro.
Ao sair da loja, passei a refletir sobre os instantes que passei dentro daquele estabelecimento. As peças encontradas na então falada e “fabulosíssima” loja, poderiam facilmente ser encontradas em qualquer outro estabelecimento e a um preço bem mais acessível. Mas, meu amigo, a roupa pouco importa, bem como os valores que possuímos. O que importa mesmo é o que está por trás do que se compra (independentemente de ser roupa ou não). O que importa são os status!
Sabe aquele lance de ter nome e sobrenome? Pois bem, com roupa não é muito diferente. Basta ter um nome bem conhecido. Ou melhor, basta ser usada por um famosinho qualquer em um baladinha dessas de playboy que tem por aí na Zona Sul, tirar uma selfie exibindo o look da vez e postar a foto no Instagram, com a hashtag da loja (só pra mostrar que não é qualquer roupa, claro).

Então, meu amigo, o negócio não é comprar por comprar. O negócio é comprar “o melhor” para ser “o melhor”. Aqui vai uma dica: se a roupa é bonita ou não, pouco importa, se tiver um jacaré, um urso ou qualquer bichinho de grife, já está valendo pra sair bem na selfie.


Thaís Farias 

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