
Apesar
da promoção não ser lá essas coisas (como sempre), confesso que algumas poucas
coisas me agradaram. Fiquei. Em seguida, fui abordada por uma simpática
atendente.
– Posso ajudar, senhora?
– Onde ficam as roupas da promoção?
– perguntei.
– Ficam naquele corredor. Perto
daquelas senhoras, ali.
– Obrigada.
Ao
me aproximar do local indicado, já pude perceber o porquê dos 80% de desconto.
Meu amigo, tratava-se de roupas mais chibatas do que as vendidas na feira do
Alecrim. Na verdade, até lá eu encontraria umas roupas mais bonitinhas, sério
mesmo. Acima das roupas, vi os dizeres: Zara,
o estilo que conquista - coleção 2014. Hômi, mas as roupas não
bastavam ser feias não, tinham que ser caras também (beeem caras).
Caminhei
um pouco mais. Fui dando uma olhada aqui, outra ali e, de um corredor para o outro, pude escutar
gritinhos de entusiasmo.
– Mulher, essa Prada não vai combinar com aquela Carmen Steffens que acabamos de comprar. Acho melhor você escolher
outra. Afinal, você não gastou todo aquele dinheiro à toa. Não é verdade?!
– Amiga, quer saber? Vou levar todas. Moça!
– Sim?
– Quero levar todas! Ah, quero uma de cada
cor.
– Crédito ou débito?
– Débito, por favor!
As
moças se arrumaram, enquanto a vendedora fazia os pacotes.
– A senhora precisa de ajuda?
– Não, não – respondi.
Assalto
à mão armada? Que nada! Hoje em dia o negócio está muito mais sofisticado. A
ordem foi invertida: os piores ladrões nos aguardam com um belo sorriso, e
alguns ainda perguntam: crédito ou débito?
E, assim, conseguem nos tirar muito mais dinheiro.
Ao
sair da loja, passei a refletir sobre os instantes que passei dentro daquele
estabelecimento. As peças encontradas na então falada e “fabulosíssima” loja,
poderiam facilmente ser encontradas em qualquer outro estabelecimento e a um
preço bem mais acessível. Mas, meu amigo, a roupa pouco importa, bem como os
valores que possuímos. O que importa mesmo é o que está por trás do que se
compra (independentemente de ser roupa ou não). O que importa são os status!
Sabe
aquele lance de ter nome e sobrenome? Pois bem, com roupa não é muito
diferente. Basta ter um nome bem conhecido. Ou melhor, basta ser usada por um
famosinho qualquer em um baladinha dessas de playboy que tem por aí na Zona Sul, tirar uma selfie exibindo o look da
vez e postar a foto no Instagram, com
a hashtag da loja (só pra mostrar que
não é qualquer roupa, claro).
Então,
meu amigo, o negócio não é comprar por comprar. O negócio é comprar “o melhor”
para ser “o melhor”. Aqui vai uma dica: se a roupa é bonita ou não, pouco
importa, se tiver um jacaré, um urso ou qualquer bichinho de grife, já está
valendo pra sair bem na selfie.
Thaís Farias
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