segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Guia de sobrevivência para calouros


Depois de tanto sofrer naquelas quatro horas, coçar a cabeça, morder o lápis e orar pela aprovação, ou simplesmente jogar um “mamãe-mandou” e esperar o tempo mínimo para entregar a prova, de um jeito ou de outro, você finalmente conseguiu! Já ganhou seus presentes de Natal antecipados e virou o orgulho da família. E, agora, estará a um passo de ser definitivamente um aluno da federal. No nosso caso, do curso de Informática de Songa City (São Gonçalo do Amarante). Mas não se anime tanto, caro colega. Depois de passar pelos portões para o submundo, você verá como é realidade das co­isas...
Não pense que ser aluno federal é sair andando pelas ruas, estufando o peito, não. Digamos que é quase um sanatório, mas com um uniforme para encobrir tudo e uma lavagem cerebral para você não desencadear nada. Calma! Não tou aqui para mandar o terror na calourada, muito pelo contrário. Como um veterano experiente, te darei as manhas pra sobreviver aqui dentro. Isso mesmo, sobreviver. Porque, caso  contrário, meu amigo, provavelmente você será mais um da lista da reprovação. E nem pense que é invenção minha, que já tem aqui estudos comprovados e até uma sala exclusiva para repetentes do curso de Informática. Mas não é por isso que os outros cursos são melhores, viu? Info é o poder!
Assim como em qualquer polo federal que mantém suas boas e velhas tradições, você se deparará com uma das mais nobres artimanhas criadas pelos mais sábios acadêmicos que já passaram por aqui, o nosso querido trote. Mas fique tranquilo, depois de uma discussão calorosa e amigável com nossos servidores, convencionou-se que iria ser um trote solidário, que trouxesse a solidariedade tanto para os recém-chegados quanto para a população songacietense. A primeira edição foi nada mais nada menos que sair pelas ruas à procura de doações para as instituições carentes. Não se assuste, se um ou outro disser: “Perdoe, perdoe, volte amanhã! ”, que é assim mesmo, você ficará horas naquelas temperaturas amenas das tardes ensolaradas do município e, depois de uma busca implacável, cogitará que o melhor era doarem coisas pra Songa mesmo. Infelizmente, a segunda edição do trote solidário não foi efetivada. Há lendas de que o trote seria doação de sangue, mas depois de alguns calouros desmaiarem, ao verem o tamanho da agulha que iria penetrar bem no meio daquele canto, ele foi anulado.
Pronto, depois desse momento para vocês se conhecerem melhor e se tocarem que ainda verão uma ou duas caras até o quarto ano no Instituto, finalmente começarão as aulas. E já fique ligado em relação ao horário, principalmente se você estuda pela manhã. Talvez tenha até sorte e pegue os docentes bonzinhos no primeiro bloco, aqueles que te dão uma tolerância de 15 minutos após o toque de entrada. Já os demais, bom, fazem questão de bancar os militares e não permitem você entrar ou, nas melhores das ocasiões, te deixam com falta.
Ah! E esqueça sua vida social ou dormir antes das três da manhã. Nem se preocupe muito, com o tempo se acostuma, e o mínimo que te pode acontecer é pegar umas olheirinhas.
Outra dica importantíssima é frequentar os C.A.s (Centro de Aprendizagem) e usar e abusar dos TALs (tutores de certas disciplinas, alguns até multidisciplinares), no mínimo umas 5 vezes por semana, para adquirir sempre os conhecimentos necessários para as provas e também ficar bem visto como um aluno que se dedica aos estudos, que é esforçado e tals, mas fique com adquirir o conhecimento mesmo, é o que te fará passar de ano.
Lá no campus, tome muito cuidado, não é porque que você tá se entrosando com alunos federais que vai dar mole e deixar abanando seus pertences por aí. Tá achando que tá na casa da mãe Joana, rapá? Já ficou até cansativo nos informar que alguém “subtraiu” algo de fulano, de sicrano... É como aquelas reportagens em que os políticos estão “desviando verbas”, sabe? Tudo a ver.
Acho que nem devia, mas como estou aqui como seu conselheiro pessoal, vou te dizer como ficar um boa-praça em certas disciplinas. Primeiro, caso você se depare com nosso pequeno grande homem, professor e doutor em Eletricidade, Dr. Elialdo Chibério (ele tem esse Dr. mesmo no começo do nome), esse sim é fácil de lidar: com ele o negócio é estudar ou estudar. E se você tá realizando todos os passos citados anteriormente, com certeza vai se dar muito bem com ele.
Outro que devo mencionar é o nosso querido professor de Língua Portuguesa, Milson Santos, que de santo só tem o nome. Ah! Esse é um caso interessante. É uma fera difícil de ser domada. Você vai se defrontar com suas resmas diárias de apostilas, que ninguém sabe, até hoje, como ele consegue extrapolar o número de cotas permitido por cada professor. Dica de ouro: para não se perder nessa avalanche que desafia o reflorestamento da Amazônia, aconselho que você compre uma pasta, daquelas de arquivo morto, exclusivamente para esses bolos de papéis, acho que umas vinte pastas dão para o primeiro bimestre.
Sem falar das provas milsanas, que dão um tapa na cara das do Enem. E esteja sempre preparado, traga garrafa d’água pra evitar sair de sala e não exagere nas doses para não ficar apertado. Afinal, cada milésimo de segundo conta.
Se deparará também com seus inúmeros bordões: “Mas é claro!”, “Jesus, Maria, José”, “Adoooro”. E com peça, com conto, com crônica e o escambau. A sua salvação estará nos C.A.s e com os tutores de Português, só assim você não vai tirar um saldo bem redondo nos dias de prova.
Já em Programação, por mais simpáticos que sejam os professores, sinto lhe dizer, mas só se mastigar o livro mesmo, ou sendo um cyborg de última geração, ou um pirado pra manter a calma em meio a tantos códigos indecifráveis. Quando você pensa que tá entendendo alguma coisa da matéria, aparece algo e fode tudo.

No fim, apesar de todos os prós e contras, me fará tanta falta quanto pra você quando terminarmos esses quatro aninhos de uma vida no IFRN! E o mais triste é não ter seus amigos de primeiro contato, os calouros de agora, por perto. Pois nem todos conseguem acompanhar no mesmo ritmo. Então se ligue! Para não ficar pra trás, e não perder cada momento, labute o máximo e sempre venha recorrer a esse guia quando estiver naqueles dias de aperto. Agora, já me vou, tenho um zilhão de apostilas pra responder daquele professor “mara”. Afinal, dormir pra quê, né?
George Franklin

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