quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Pensamento pornográfico



As pessoas de hoje em dia, principalmente aqueles jovens que passam mais de 5 minutos no chuveiro, estão com um sério problema de poluição mental.

Uma palavra, uma só palavra, e a mente do indivíduo pensa em um universo de putaria, pornografia e malícia. Ninguém escapa. Até mesmo o mais tímido, o mais quieto, o mais retraído, o mais inibido ou o mais acanhado tem um pensamento malicioso, mesmo que não demonstre tanto.

Quando escutam o número 69, não pensam nada além daquela posição sexual.

Para o poluído, os verbos “dar” e “entregar” não têm sentidos iguais.

Se você conseguir chupar um pirulito ou um din-din sem que alguém diga frases como:

“Já está chupando a essa hora?”

“Mas olha como ele chupa com jeitinho!”

“Menino, como você é violento chupando!”

Acredite, você não tem amigos.

A poluição mental chega a níveis críticos quando o poluído ouve frases como:

“Alguém quer um cafezinho? Querem da cafeteira ou no coador é mais forte?”

“Se você está andando sozinho pela rua e um estranho se aproxima, você corre ou só caminha?”

Além dos adolescentes, os adultos também fazem parte desse grupo de mentes pornográficas. E, entre eles, há aqueles que se destacam: são os reis do duplo sentido. Um deles mora em Candelária. Estávamos na cantina do IFRN-SGA, eu e meu amigo Ybsen (que também é um poluído), e lá vinha ele, o rei da ambiguidade:

- Olá, menino Ybsen e menino João Victor!

- Bom dia, professor! – exclamou o jovem Ybsen.

Nesse momento, o mestre ativou seu modo ambíguo e, quando tal modo é ativado, ele começa a dar sorrisos sarcásticos e a pegar e alisar os ombros das pessoas que estão perto dele, esperando uma oportunidade de mostrar seu talento.

- João Victor, o que é isso no seu braço?

- Uma verruga.

- Ave-Maria! - falou o professor, assustado.

- Também tenho uma, prof. Sabe onde? – disse Ybsen.

Nesse momento, os neurônios começam a funcionar na cabeça do professor e todo um universo de malícia surge em sua mente.

- É onde, menino?

- Na cabeça do meu...

- Menino! Deixe disso, como você pode ter uma verruga aí?

- Não, tenha calma. É na cabeça do meu dedo do pé.

O professor deu muitas risadas e ficou encabulado e vermelho. Vermelho da cor da cabeça do... pensou naquilo, né?

Pena que não há como reverter o processo de poluição mental, nem o Greenpeace conseguiu uma solução. A poluição mental toma conta da pessoa, até não sobrar nada além da malícia.

Enfim, a malícia está nos ouvidos de quem ouve. E duvido que os leitores dessa crônica não façam parte desse grupo de poluídos do qual falei. Senão, tenha uma boa conversa com um desses mestres da ambiguidade e com certeza fará parte.

João Victor - dezembro/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário