
Uma palavra, uma só palavra, e a mente do indivíduo
pensa em um universo de putaria, pornografia e malícia. Ninguém escapa. Até
mesmo o mais tímido, o mais quieto, o mais retraído, o mais inibido ou o mais
acanhado tem um pensamento malicioso, mesmo que não demonstre tanto.
Quando escutam o número 69, não pensam nada além
daquela posição sexual.
Para o poluído, os verbos “dar” e “entregar” não têm
sentidos iguais.
Se você conseguir chupar um pirulito ou um din-din sem
que alguém diga frases como:
“Já está chupando a essa hora?”
“Mas olha como ele chupa com jeitinho!”
“Menino, como você é violento chupando!”
Acredite, você não tem amigos.
A poluição mental chega a níveis críticos quando o
poluído ouve frases como:
“Alguém quer um cafezinho? Querem da cafeteira ou no
coador é mais forte?”
“Se você está andando sozinho pela rua e um estranho
se aproxima, você corre ou só caminha?”
Além dos adolescentes, os adultos também fazem parte
desse grupo de mentes pornográficas. E, entre eles, há aqueles que se destacam:
são os reis do duplo sentido. Um deles mora em Candelária. Estávamos na cantina
do IFRN-SGA, eu e meu amigo Ybsen (que também é um poluído), e lá vinha ele, o
rei da ambiguidade:
- Olá, menino Ybsen e menino João Victor!
- Bom dia, professor! – exclamou o jovem Ybsen.
Nesse momento, o mestre ativou seu modo ambíguo e,
quando tal modo é ativado, ele começa a dar sorrisos sarcásticos e a pegar e
alisar os ombros das pessoas que estão perto dele, esperando uma oportunidade de
mostrar seu talento.
- João Victor, o que é isso no seu braço?
- Uma verruga.
- Ave-Maria! - falou o professor, assustado.
- Também tenho uma, prof. Sabe onde? – disse Ybsen.
Nesse momento, os neurônios começam a funcionar na
cabeça do professor e todo um universo de malícia surge em sua mente.
- É onde, menino?
- Na cabeça do meu...
- Menino! Deixe disso, como você pode ter uma verruga
aí?
- Não, tenha calma. É na cabeça do meu dedo do pé.
O professor deu muitas risadas e ficou encabulado e
vermelho. Vermelho da cor da cabeça do... pensou naquilo, né?
Pena que não há como reverter o processo de poluição
mental, nem o Greenpeace conseguiu
uma solução. A poluição mental toma conta da pessoa, até não sobrar nada além
da malícia.
Enfim, a malícia está nos ouvidos de quem ouve. E
duvido que os leitores dessa crônica não façam parte desse grupo de poluídos do
qual falei. Senão, tenha uma boa conversa com um desses mestres da ambiguidade
e com certeza fará parte.
João Victor - dezembro/2015
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