
Falando
em celular, com 8 anos eu ganhei meu pequeno Nokia, cinza. Os celulares, nessa
época, só serviam para duas coisas: jogar o jogo da cobrinha ou do peixinho e
ligar a cobrar para sua mãe quando arengava com seu irmão. Nesse quesito, a
galera das antigas tinha vantagem: os celulares NUNCA quebravam. Como os fones de
ouvido ainda não existiam – ou pelo menos eram caros demais para eu sequer lembrar
deles na minha infância, a criançada se reunia na sala, colocava na reprodução
automática os 20 toques do celular e dançava a tarde toda. Meu irmão, como eu
sinto falta disso! Era melhor que qualquer tipo de balada.
Não
estou querendo dizer que minha infância era melhor ou pior do que a de ninguém,
mas eu consigo sentir uma sensação nostálgica mais forte do que essa criançada
de hoje. Um exemplo são as festinhas de aniversário. Tudo bem tradicional.
Enquanto hoje minha sobrinha vê diversos lugares pelo computador e pede de
presente uma viagem para Buenos Aires, eu só desejava que acabassem logo de
cantar o “com quem será?”. Outro exemplo é o poderoso computador, o substituto
moderno da televisão. Antes, quando uma propaganda de um brinquedo moderno era
exibida na TV, como os bonecos do Max Steel, surgia logo o “MÃE! COMPRA PRA
MIM!” E minha mãe sempre dizia que iria comprar. Mesmo que não comprasse, ela
sabia que em breve a propaganda acabava e eu voltava a prender minha atenção
com os desenhos. Hoje, se uma mãe tiver a ousadia de falar que irá comprar, é
capaz do filho colocar no site de compras online e já ir pedindo o número do
cartão de crédito dela. Mas nem tudo
está perdido. Hoje os boyzinhos têm um acesso ilimitado à informação. Até
porque, né? Tudo que uma criança precisa é saber o que aquela celebridade fez
ou saber alguma bizarrice de um animal estranho. Se hoje já existe uma superlotação
no Facebook de juízes da verdade, imagine com esse povo que passa o dia
assistindo vlogs, ouvindo a opinião mal formada de outras crianças totalmente
influenciadas. Não, rapaz. Eu prefiro mil vezes passar horas e horas assistindo
desenhos no Cartoon. Até mesmo os mais violentos, que hoje foram removidos do
ar por “influenciar as crianças.” Se fosse assim, por que ainda não tiraram
esses canais do YouTube?
Contudo,
do que eu mais sinto saudades é de brincar na rua, subir em árvores, fazer
molecagens. Atualmente deveria existir uma lei que só permitisse a criança
ficar até certo período do dia no computador, celular e tablet. Mas do jeito
que anda a justiça do nosso país... Bem, não vou nem comentar, isso aí já é
assunto para outras crônicas.
Elvis Henrique - dezembro/2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário