quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O beija-flor e a gaiola



Estava indo ao banco com meu pai. Dia quente, longo e estressante engarrafamento. Não era um bom dia. Chegando ao Banco, ainda me deparei com uma fila enorme para pegar a ficha. Após um tempo de espera, ouvindo reclamações e gritarias dos vendedores ambulantes, eis que um beija-flor entra no Banco. Ninguém reparou no começo, mas foi começando a se agitar e passou a chamar mais atenção dos ali presentes. O clima de estresse se transformou em um clima alegre, todos tentaram ajudar o pobre beija-flor, sem sucesso.
Um homem na minha frente começou a contar sobre o seu jardim cheio de beija-flor; a moça a sua frente, contou, impressionada, que eles batem as asas 10 vezes por segundo. Corrigi-a. Falei que batem 90 vezes. Ninguém acreditou, mas relevei. Ao olhar à minha volta, percebi que todos estavam interagindo, até os que estavam com o celular trataram de o guardar no bolso. Parei para pensar e me dei conta de que quem realmente estava preso éramos nós, os humanos. Acho engraçado como as coisas do cotidiano nos prende. Desde relacionamento a objetos. A forma como ficamos fissurados nisso nos faz perder a noção do que é realmente importante para as nossas vidas. Também há aqueles que traçam metas ou focam objetivos. Perdem a noção do mesmo jeito.
Precisamos ter o pensamento leve, como um beija-flor. Ele só se preocupa em alimentar-se e reproduzir-se. Vive livre e em harmonia com a natureza. Um simples acontecimento pode transformar um ambiente caótico em um ambiente pacífico. A partir desse momento, comecei a refletir como um simples objeto, que nos conecta a outras pessoas mais distantes, pode nos desconectar das pessoas que estão ao nosso redor. Pensei também sobre como aquele pequeno beija-flor pôde mudar o humor dos estressados com a fila. O beija-flor foi a chave que nos libertou das nossas correntes diárias, prendendo-se a uma delas. Não sei ao certo qual foi o destino do beija-flor, mas tomara que ele tenha se desprendido dessa corrente e tenha voltado a ser livre na natureza.

Matheus Thierry - dezembro/2015

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