
Vi uma foto onde estou com
Taynna e Rafael, meus primos mais velhos e amigos também.
“Rua
Rodrigues Silva – 2006. Quando esses três se juntam, pode esperar que estão
fazendo arte”.
Esta descrição estava no verso
da foto, provavelmente escrito por minha mãe.
“Pega a pá”. Lembro claramente
do que falávamos nesse dia. “Traz o balde também, já tem muita areia aqui”. “A
pá já está aí, Bea”. “Não está não, assim essa piscina não vai ficar pronta
nunca.” “Acho que já cavamos o suficiente, não acha, Bea e Taynna?”. “Não”.
“Não”. “Ainda não cabe nem a gente em pé, ainda vamos trazer os peixes e falta
colocar o balanço aqui dentro ainda”. “Vai ser a primeira piscina com balanço
do mundo”. “SORRIAM!”. Minha mãe registrara aquele momento. E assim construímos
nossa própria piscina no quintal de casa, com mais lama que água, talvez. E todo
aquele gosto de infantilidade e inocência ficou guardado em uma gélida imagem.
“Aniversário
de Taynna – 2004. Quem tem coragem de provar essa sobremesa dos nossos
cozinheiros?”.
Era uma foto em que estávamos
mais uma vez nós três, lambuzados. Este escrito tinha uma letra bem diferente.
Letras violentas, rudes, apressadas... masculinizadas. Provavelmente do meu
avô.
“Parabéns, Taynna”. “Parabéns,
priminha”. “Só vocês lembraram”. “Aniversário se comemora com bolo, vamos fazer
um pra ela, Rafael?”. “Vamos. Do que vamos precisar?”. “Ovos. Açúcar. Farinha.
Manteiga. Leite”. “Segura essa vasilha, Taynna. Põe os ovos, Rafael.” “Precisa
tirar a casca?”. “Não, deixa assim mesmo”. Então fizemos o melhor aniversário
que se podia imaginar, pois o único gosto que ficou desta sobremesa foi o de
felicidade compartilhada.
Naquele tempo, misturávamos
besteiras, infantilidade e felicidade. Felicidade em porção redobrada.
Triplicada, melhor dizendo. Agora só resta relembrar de tudo isso em um tom
nostálgico, pois sei que nunca mais acontecerá. Taynna, agora, tem que se
preocupar com o seu filho. Espero que ele seja tão feliz quanto éramos. E
Rafael... bem, para falar a verdade nem o vejo mais. Ele, atualmente, só pensa
em farrear e o tempo que sobra (o que não é muito) é destinado ao trabalho e à
escola.
Caroline Beatriz - dezembro/2015
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