Carlos, quando garoto, nunca
foi o mais esperto da turma. Nem o mais bonito. Entrou na universidade assim
que concluiu seu ensino médio. Foi lá que conheceu Verônica, sua professora de
Comunicações. Ela, um mulherão de 1.76 de altura, com curvas que fariam
qualquer homem se perder, sempre que passava pela cadeira na qual ele sentava,
deslizava levemente os dedos sobre seu braço e ombro.
Carlos achava estranho. Por que recebia um
tratamento diferenciado por parte da professora?
Certo dia, ele resolveu
procurá-la para esclarecimento de um assunto. Estavam os dois a sós na sala.
Verônica começou a alisá-lo, como sempre fazia.
Nesse momento, a conversa
tomou outro rumo, e foi aí que aquele “tratamento especial” ficou evidente para
ele. O clima tornou-se picante. Então, ela o jogou em cima do birô e os dois
transaram. A cena se repetiu por várias vezes, sempre na mesma salinha, sempre
no mesmo horário – o final do expediente de trabalho. Nesse
momento, a conversa tomou outro rumo, e foi aí que aquele “tratamento especial”
ficou evidente para ele. O clima tornou-se picante. Então, ela o jogou em cima
do birô e os dois transaram. A cena se repetiu por várias vezes, sempre na
mesma salinha, sempre no mesmo horário – o final do expediente de trabalho.
Algumas semanas depois,
Carlos propôs namoro a sua professora. Ela aceitou, mas com uma condição:
ninguém poderia saber, pelo menos por enquanto.
Cinco anos se passaram. O
casal já morava junto numa casa no subúrbio da cidade. Carlos era um gerente de
banco de dados de uma empresa emergente. Estava crescendo no ramo empresarial.
A profissão exigia muito dele, por isso ele não tinha muito tempo para ficar
com Verônica.
Ela também começou a chegar
tarde e a ficar sem tempo para Carlos.
Isso estava afastando um pouco o casal. Mas Carlos decidiu manter o laço entre
os dois. Resolveu pedi-la em casamento. Então, ele verificou os horários de
aula da sua companheira, a fim de fazer-lhe uma surpresa na universidade.
Percebeu que, pelos horários que ela deixava o trabalho, deveria chegar em casa
muito mais cedo. E isso o preocupou.
No dia seguinte,
perguntou-lhe por que estava chegando tão tarde, mesmo saindo mais cedo da
universidade. Ela respondeu que estava ministrando aulas extras. Carlos
resolveu investigar. Para isso, colocou um aplicativo desses de localização no
celular de sua namorada. Aí veio a surpresa: ela realmente estava na
universidade.
Ele então resolveu fazer uma
surpresa. Era o dia de sua vida. Estava muito ansioso. Passou horas se
arrumando para propor amor eterno a sua amada. Saiu em seu Classic
acinzentado em disparada, com destino ao amor. Cortou sinais para chegar mais
rápido. Chovia muito naquele momento.
Chegando ao Campus,
seguiu em direção à sala onde tudo
começara. Ele a encontrou lá. Estava no mesmo lugar onde tudo começou. No birô
velho da sala dos professores. Observado pelo vidro, ele materializava as cenas
das suas primeiras vezes com Verônica. Então
caiu na real. Aquilo não era sua imaginação. Era real! Verônica
estava traindo-o no mesmo local onde os
dois tinham começado a se amar.
Ela o traía com um aluno
dela - um novato. Carlos se viu naquele aluno. Imaginou que poderia ter
participado de outra traição como aquela, não como traído, mas sim como
traidor. Ele se viu nos dois lados e não sabia o que fazer. Num impulso,
decidiu ir embora. Ninguém lá de dentro o viu. Ele apenas se virou e foi.
Quando ela chegou em casa,
como sempre, foi direto para o banho e, logo em seguida, para a cama, alegando
estar muito cansada. Carlos agiu normalmente.
E, por mais incrível que
pareça, ele não deixou de lado a ideia de se casar com Verônica. Pelo
contrário, adiou mais ainda a data. Mal podia esperar pelo momento. E assim ele
foi vivendo até o dia de seu casamento.
Alguns meses de preparativos
e estava tudo pronto. Era chegada a hora de Carlos se casar com Verônica. A
igreja estava lotada. Lá estavam colegas de trabalho dele e alunos e
professores da universidade dela. Quando chegou a hora dos noivos dizerem
“Sim”, Carlos soltou uma frase que mexeu com Verônica:
- “Eu devia te odiar, no
entanto, só sei te amar. Eu devia te esquecer e até um outro amor procurar!”
Então, timidamente saiu um
sim da sua boca. Todos na igreja não entenderam. Só ela, agora sua esposa.
Arthur
Cohen
Júlio
Virgínio
Conto produzido a partir da letra da canção brega Eu devia te odiar, de Reginaldo Rossi.
Conto produzido a partir da letra da canção brega Eu devia te odiar, de Reginaldo Rossi.
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