
De toda a casa ouvia-se o som nas alturas. A mulher já não aguentava mais. Foi até o quarto e lá começava mais uma briga.
- Filho de Deus, desligue
esse som por caridade! Todo dia é a mesma coisa!
- Minha senhora, sou eu que
pago a conta de energia, portanto não venha falar merda. Deixe de implicância!
- Então abaixe esse volume,
condenado! Eu não aguento mais escutar Belchior.
- Eu abaixo se eu quiser! Vá
lavar a roupa, que é o melhor que você faz.
Ele disse:
- Solte essa faca,
Garibalda! Você não tem noção da besteira que está prestes a fazer?
- Besteira? Besteira é ter
uma vida e um casamento baseados em brigas e sofrimento. Não passamos de um
casalzinho fingido.
- Eu sei que nós discutimos
muito, mas ainda nos amamos. No fundo, você sabe disso.
- Depois da morte do nosso
filho, eu não sei de mais nada, Josenildo. Acho que só não quis me separar de
você ainda, porque sei que o nosso menino não iria gostar de ver seus pais
separados e, como diz minha mãe, depois dessa casa, eu só tenho a rua, pois ela
é pública. Essa é a verdade!
- Vamos deixar o nosso passado um pouco de lado, Garibalda. Já passamos e ainda enfrentamos momentos difíceis, mas eu tenho esperança de que as coisas entre nós vão melhorar. Nosso filho ficaria feliz com a nossa felicidade. Pense nisso.
- Vamos deixar o nosso passado um pouco de lado, Garibalda. Já passamos e ainda enfrentamos momentos difíceis, mas eu tenho esperança de que as coisas entre nós vão melhorar. Nosso filho ficaria feliz com a nossa felicidade. Pense nisso.
Garibalda soltou a faca e
saiu chorando. Entrou no quarto e falava sozinha. “Meu filho. Foi embora tão
cedo, junto com a minha felicidade e o meu casamento”. (...).
Já preocupado com sua
mulher, Josenildo vai até o quarto em busca de uma solução para os seus
problemas.
- Me diz, Garibalda. Já
temos anos de casados e depois da morte do nosso filho tudo é a mesma coisa.
Então, por que não temos outro filho? Tudo pode voltar a ser como era.
Chorando, Garibalda diz que
só de pensar que pode perder um filho novamente, ela sente uma agonia.
No meio da conversa, ouve-se
um barulho, ou melhor, um choro. Josenildo vai até a porta e se depara com um
bebê dentro de uma cesta.
Ele pega a criança e a leva
até o quarto, onde está Garibalda.
- Está aqui. Ganhamos outro filho e uma chance de sermos felizes novamente. Deixaremos de ser um casal fingido que muito dorme e pouco transa.
Garibalda dá um sorriso, depois de anos sem sorrir. Com os olhos cheios de lágrimas, ela diz:
- Está aqui. Ganhamos outro filho e uma chance de sermos felizes novamente. Deixaremos de ser um casal fingido que muito dorme e pouco transa.
Garibalda dá um sorriso, depois de anos sem sorrir. Com os olhos cheios de lágrimas, ela diz:
- Tudo voltou. Tudo voltará
a ser como antes. Tudo.
Jéssica Sayonara
Hugo Araújo
Conto produzido a partir da letra da canção brega Aparências, de Márcio Greyck.
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