quarta-feira, 8 de março de 2017

Marias

6h. Sua mãe ainda não começou a limpar a casa hoje. Tá tudo sujo. Você não tem condições de limpar, pai? Suas mãos caíram? Esse também é o seu papel. Briga.
8h da manhã. Caminha na rua. Moto. Buzina. Encara. Olha pra frente! Quer bater?
Ônibus lotado. Será que posso sentar aqui? Pergunta, gentilmente.  Percebe um homem encarando. Secando. Descarado. Quer me comer? Quer? Ridículo.
Desce numa parada próxima ao trabalho. A pé novamente. Passa por uma construção. Várias sacolas na mão. Um peso e um passo. Fiu fiu. Cantada barata. Reta sem palavra. Tá assoviando pra quem? Atrevido.
Hospital. Lotado. É enfermeira, ágil e cuidadosa. Você precisa de uma dose de benzetacil. Parece desconfiado. Ela vira as costas. Descarado. O paciente questiona a necessidade do medicamento com o enfermeiro ao lado. Algo errado? Precisa de uma segunda opinião específica?  O estagiário não dirá algo diferente da enfermeira-chefe.
Rotina e cansaço. Mais ônibus lotado. Só que é sexta. Sexta! Alegria e prazer. Produzida. 00h. Vestido colado. Sensualidade de mulher. Que roupa vulgar! Se dê o respeito! Filha minha não se veste assim. Na sua idade não usava essas roupas.
Música alta. Bebida free. Tudo harmonizava. Batida. Dança. Bebida. Leveza alcoólica. Tá bêbada? Se dê o respeito! Mulher educada não bebe.
Mulheres. Machismo. Até quando? Avante, Marcha das Vadias!


Maria Fernanda
Yasmin Cruz 

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