terça-feira, 7 de março de 2017

Ditadura pra quê?

     Ora. Quem já se viu? Volta da ditadura. Vai pra puta que pariu. Ele tá pensando o quê? Que a volta da ditadura é bom? Bom pra quem? Pra mim é que não é. Ele já viveu alguma ditadura? Já viu gente morrer? Não? Mas eu já vi. E posso lhe garantir. Ditadura não é bom. Nem pra mim, nem pra você.
     Você já viu arma garantir paz? Já viu violência garantir ordem? Pau-de-arara fazer coisa boa? Nem. Ditadura? Ditadura cheira a morte. Sim. Morte. Estupro. Tortura.
     Não. Não caio nessa. Não, senhor.
     Ditadura é uma senhora. Velha. Decrépita. Morta. Enterrada. Deixa-a lá. Fria. Esquecida. Decomposta. Acabada.
     Dor. Dor. Dor. Foi tudo o que ela trouxe. Dor psicológica. Dor carnal. Opressão.  Centenas de pessoas violadas por aqueles de arma na mão. Sim.  Aqueles que juraram morrer para defender a pátria. Mas que coisa mais sem cabimento. Sem lógica. Sem sentido. O mundo precisa é de paz. De flores, em vez de canhões. Tem coisa mais bonita que a paz? A paz é branca. A paz é linda. Paz! Sim. Precisamos da paz.
     Mas aí vem um jumento como esse. Demente como um mosquito. Querendo ressuscitar um regime autocrático. Sai pra lá sem juízo! Esse tal de Bolsonaro não tem o que fazer não, seu Francisco? Tanto assunto urgente. Pobreza. Miséria. Insegurança. Péssima saúde. E ele se preocupa em restaurar isso! Dizendo que é pro bem de todos. Pro bem de quem? Pro meu é que não é.
     E o senhor, seu Francisco, com essa cara de cachorro sem dono? Ainda vem me pedir para votar nessa milícia? De forma alguma. Jamais.
    E quer saber de uma coisa? Que se lasquem. Não estou nem aí. Eles que caminhem. Que subam morro acima com essa ruma de cartaz ridículo. Que andem pelas ruas de toda a periferia. A tarde toda. Eu é que não vou. Participar da molesta dessa passeata. Eles que tomem a praça. Com essa cambada de inútil. Não vou mesmo. Porque eu já cansei de toda essa asneira. Que coisa mais Idiota! Não. Não vou colocar minha vida nas mãos dessa elite sem noção. E já chega. Não vou sair na rua com essa ruma de babão. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. Só quero que me deixem sozinho. Eu e a minha língua verdadeira. Que só os mais espertos entendem. Compreendeu?
    E não. Já disse ao senhor, seu Francisco. Em 2018 não voto em Bolsonaro. Ora! Que chatice! Tá pensando o quê? Que eu vou contribuir com essa tolice? De forma alguma. Eu já vivenciei uma ditadura. É horrível. Perdi muitos familiares. Amigos. Presenciei a tortura de meus professores. Do padre da minha cidade. O sumiço de diversas pessoas. E sabe o que aconteceu? Nunca mais apareceram. Não. Já disse. Não quero. Não vou a nenhum passeio. A nenhuma passeata. Não saio. Nem morta. E eles que não venham na minha porta. Não entram. Não deixo. Já chega. Acabou.
   Ah, não vou.


 João Pedro B. Neto

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