terça-feira, 30 de julho de 2019

Saudades do Fundamental


Estava arrumando meu quarto e achei a minha pasta, que eu usava no Ensino Fundamental. Já estava empoeirada, mas tinha algumas coisas dentro dela. Eu abri e resolvi ver cada coisa.
Assim que abri a pasta, já tinha um papel cheio de coisas aleatórias, e me veio à mente o que era: o papel que eu usava para conversar com meus amigos enquanto o professor dava aula. Me lembro bem de escrever naquele papel, amassá-lo e jogá-lo para Wilson, e ele fazia o mesmo. Jogava para Ryan, a gente ria, e a sala pensava que a gente era retardado.
A próxima coisa da pasta eram as provas, tava tudo misturado, cada prova que eu via, eu balançava a cabeça. Eram notas muito baixas: 20, 35, 40... Uma vez ou outra, um 60, um 70. Já em Matemática, a matéria que eu sempre amei, as notas eram de me orgulhar: 85, 90, 95, porém eu tinha poucos 100, 1 ou 2 no máximo, geralmente errava algo que me impedia de tirar 100.
No meu Ensino Fundamental, havia muitas brincadeiras violentas, porém de deixar saudade. Uma delas era chamada de “render”. A gente ia para a grama, e lá tinha que derrubar um ao outro e render. As regras da brincadeira eram: não valia soco, chute ou qualquer outro movimento que machuque, só valia derrubar e arrochar o pescoço, isso sujava muito a farda. Minha mãe sempre perguntava o que eu fazia para sujar a farda daquele jeito. Doía, mas deixou boas lembranças.
Depois de passar pelas provas, estava lá o papel de confirmação de inscrição dos jogos interclasse, tinha só futsal para sermos humilhados. O pior time com que a gente podia jogar era o sexto D, só tinha uns cavalões, que viviam de jogar. Lembro-me muito do primeiro jogo, o qual perdemos de dezesseis a zero. Triste, mas a gente não desistiu em nenhum momento.
E chegou o último ano do Fundamental, aulas preparatórias para o IF, muita gente nem ligando, mas eram muito divertidas, eram muitas brincadeiras no contraturno depois da aula, conversas paralelas. Foi muito bom para conhecer outras pessoas da sala que não conversavam muito. E chegou o dia de fazer a prova do IF, pessoas animadas porque iam andar de ônibus, caneta nova, lanche para levar, os que queriam passar conversavam entre si perguntando qual curso havia feito, a animação era tanta... Alguns  até diziam: “Oba, fizeste o mesmo curso que eu! Quem sabe seremos colegas…”
A realidade veio no fim do ano, apenas 11 pessoas iriam ter a redação corrigida e, por fim,  apenas duas pessoas passaram, depois mais duas nas vagas remanescentes. Foi um momento meio triste, eu e meus amigos íamos nos separar, não iríamos mais fazer trabalhos juntos, brincar de render, perder no interclasse juntos, tudo já começava a deixar saudades.
Meu Ensino Fundamental foi ótimo, pude conhecer mais que amigos, irmãos, tive pessoas em quem pude confiar, tive pessoas que, embora hoje estejam longe, permanecerão para sempre nas minhas lembranças e no meu coração. Infelizmente, porém, jamais vou voltar a conversar por meio de papel sem que me lembre de Wilson e Ryan.

José Felipe Saraiva Campêlo

julho de 2019


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