
O menino é filho de hippies,
que aproveitam da boa movimentação do local para vender seus artesanatos. Um
espaço tão pequeno, mas com um enorme contraste social. Grande exemplo de desigualdades
sociais. Na minha frente, uma uma família de classe baixa. Vivem do artesanato. É
a partir dessa arte que podem tirar o dinheiro para arcar com as despesas da
casa e até mesmo com a alimentação. Atrás do garoto, um dos maiores shoppings
da cidade, com muitas lojas e os mais renomados restaurantes. Pessoas por ali
passavam, eram completamente atraídas às grandes lojas daquele shopping e nem
sequer olhavam os produtos daquela humilde família.
Não só o contraste social
chamou minha atenção, mas também a cena do garoto com seu livro. Rapidamente,
lembrei-me de Paulo Freire, um dos maiores mentores da educação mundial: “Educação
é impregnar de sentido cada momento da vida, cada ato do cotidiano”. A sede por
conhecimento daquele garoto chamou minha atenção. Apesar do barulho dos carros,
riscos ergonômicos e biológicos, em suma, das péssimas condições de estudo, ele
persistia na leitura. Aquele garoto não tinha oportunidade de ter um local
confortável para realizar suas atividades e leituras, mas, ainda assim, ele não
desanimava, e a esperança por um futuro fértil florescia.
O garotinho me fez lembrar de
outra reflexão do mestre Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a
sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Naquele momento, pude observar
aquele garoto de uma forma diferente, sem a magia da educação: Onde ele poderia
estar? Poderia ser corrompido pelo meio ilícito?
Minhas dúvidas ficaram sem resposta, mas cheguei à conclusão de que
educação é uma ferramenta de transformação e, por tal motivo, é negada pelas
classes dominantes para aqueles que tanto necessitam de uma educação de
qualidade.
Vitor
Santos
julho de 2019
julho de 2019
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