terça-feira, 10 de março de 2015

Acima de tudo, é amizade!


Recentemente, assolado em meu mundo, tomado de pensamentos irrefutáveis, observo o que me rodeia. A euforia dos meus pensamentos se entrelaça, dentro da minha cabeça, como raízes ramificadas, que sustentam aqueles paus-brasil, plantados no meio do Campus São Gonçalo do Amarante, e que são cultivados pelo ser mais complicado do universo: o homem.
De repente, sou surpreendido, não pelo canto dos passarinhos, que diariamente saciam minha esperança, mas pela agitação emanada da cantina. Olho para o lado e vejo uma pequena alma caída no meio do corredor: era Alice, aluna do curso técnico integrado de Logística, toda esparramada e envergonhada.
Coloco-me no lugar daquela garota, caída, sofrida e com um sorriso defasado em sua face. Acredito que se eu estivesse ali, deitado, alguma alma bondosa me socorreria e logo estaria erguido por uma mão amiga. Ou estaria na mesma situação?
A garota tenta se reerguer com cuidado. Ninguém a ajuda. Apenas riem, debocham, caçoam Alice. Os colegas ainda estão comentando. O fato gerou muitas risadas e comentários. Nada como uma queda para causar um momento de alegria e êxtase nessa escola. Afinal de contas, não temos espetáculos constantemente desse porte na nossa programação.
Recentemente, lendo uma rede social, me deparo com a seguinte frase: “Amigo é aquele que debocha quando o outro cai”. Fiquei paralisado, imóvel. Nos tempos modernos, não sabemos quem, realmente, é amigo do outro. O valor da amizade desapareceu, entrou em extinção.
Se amigo é aquele que debocha, possivelmente aquela pessoa que você odeia ou pela qual sente ojeriza é sua amiga, pois tenha certeza de que ela está debochando de você em vários momentos, jurando que você caiu em vários planos e sonhos.
Uma vez, uma amiga melancólica veio me contar do fracasso que foi seu relacionamento. Casada, fazia três anos que estava vivendo em uma infinita lua-de-mel, jurava que tinha encontrado o grande amor da sua vida, seu príncipe encantado. Iludiu-se. Com o passar do tempo, a magia do conto de fadas entrou em declínio. Flagrou seu “príncipe” com outra. Um maior vexame.
Se fosse obedecer ao pensador da rede social, teria começado a debochar da pobre alma iludida: “amigo é aquele que debocha quando o outro cai”. Minha amiga caiu, seus planos foram por água abaixo, eu deveria rir, não é mesmo?
Alice, vermelha de vergonha, correu em direção ao banheiro. Pensou como iria encarar a situação. Os amigos, seguindo em direção à sala, sentiram a falta da colega, foi aí que perceberam o quanto haviam sido indelicados. Lívia, a mais dócil do grupo, foi a sua busca. Chegando lá, escutou alguns soluços de choro, olhou para o lado e encontrou sua amiga aos prantos. Rapidamente, tentou amenizar o estado emocional da pobre amiga. Pediu desculpas. Abraçaram-se.
Quando o assunto é amizade, devemos abandonar nosso mundo individual. Amigo é aquele que, acima de tudo, cuida. É um sentimento diferente, insaciado, irreconhecível. É querer ficar perto, é perguntar se o outro quer dar uma lambida no picolé, depois que você já lambeu tudo. É saber respeitar as opiniões. É compartilhar. É estender o braço quando o outro está caído no chão.
Antes de mais nada, devemos quebrar os paradigmas, viver a intensidade da amizade. Devemos formar uma sociedade mais humana, mais acolhedora, mais amiga. É preciso acabar com a falta de compaixão e afeto, é preciso acabar para sempre, de uma vez por todas. 

Alice Xavier
Leandro Lima 
 Lívia Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário